Neste domingo (19/10), os bolivianos foram às urnas para o segundo turno das eleições presidenciais de 2025, em um pleito que pode marcar o fim definitivo de mais de duas décadas de protagonismo político da esquerda e o início de uma era liberal no país.
Em meio à crise econômica, escassez de combustíveis e inflação galopante, os candidatos senador Rodrigo Paz (centro-direita) e o ex-presidente Jorge Quiroga (direita) disputam voto a voto a preferência de uma população que exige mudança e estabilidade.
Os dois foram os mais votados nas eleições gerais de agosto, mas nenhum deles chegou a maioria necessária para vencer no primeiro turno.
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Mesmo com um mandado de prisão contra si, o ex-presidente Evo Morales foi votar neste domingo. O político tentou concorrer mas foi impedido por uma decisão judicial.
Morales, que já governou o país por três mandatos consecutivos, declarou que foi às urnas “por obrigação”, sinalizando descontentamento e distanciamento em relação ao processo atual. A frase foi dita a jornalistas ao sair da seção eleitoral.
O atual presidente da Bolívia, Luís Arce, desistiu de tentar a reeleição em meio a crise no país.
Candidatos
- Rodrigo Paz: representa uma proposta mais moderada, com discurso de descentralização do poder, manutenção de programas sociais e abertura gradual ao mercado. Vem ganhando apoio de setores urbanos, jovens e eleitores desiludidos com a velha polarização entre direita e esquerda.
- Jorge Quiroga: propõe reformas liberais mais duras, cortes no gasto público, maior proximidade com os Estados Unidos e até revisão da política tradicional sobre a plantação de coca, tema sensível na Bolívia.
Ambos tentaram, nas últimas semanas, conquistar os votos da esquerda órfã de Morales.
Dia de votações
Arce exerceu seu direito de voto mais cedo e pediu para que os vencedores defendam a democracia.
“Esperamos que os candidatos, de ambas as partes, aceitem o resultado destas eleições, independentemente de qual seja, pois é o povo quem decide nas urnas”, declarou o presidente para a imprensa boliviana.
Arce enfatizou que a administração se mostrou satisfeita com a condução das eleições, mencionando que certos grupos políticos eram contrários à realização do segundo turno.
Os primeiros locais de votação foram abertos às 9h e fecharão às 17h (horário de Brasília). Até o momento, a autoridade eleitoral não reportou nenhum incidente e um relatório deverá ser divulgado no início da tarde, como costuma acontecer no Brasil.
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) boliviano, Óscar Hassenteufel, enfatizou a relevância deste dia, declarando que será um marco histórico, pois representa o primeiro segundo turno sob a atual Constituição. Ele comentou sobre os obstáculos da democracia e pediu à população que exerça seu direito ao voto, ao passo que os candidatos devem aceitar o resultado.
Para a eleição deste domingo, será utilizado o mesmo cadastro da eleição passada, com 7,6 milhões de eleitores na Bolívia e 370 mil no exterior convocados para votar novamente. O voto é obrigatório.
O país implementará o Sistema de Transmissão de Resultados Preliminares, que vai compartilhar dados entre 20h e 21h, no horário de Brasília.
Desde quinta-feira (16/10), está em vigor o silêncio eleitoral, que inclui restrições como a proibição de aglomerações e da venda de álcool, além de limitar a circulação de veículos não autorizados.