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    Bolsonaro surpreende e derrotaria Lula no 2º turno, diz nova pesquisa

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    Num hipotético segundo turno entre o presidente Lula (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o capitão reformado do Exército derrotaria o petista por 41,1% a 34,2%, segundo pesquisa do Ibespe obtida pela coluna.

    Em relação ao levantamento anterior, de setembro, a diferença a favor de Bolsonaro aumentou — não porque ele tenha crescido, mas porque Lula caiu mais. O presidente passou de 40,2% para 34,2%, enquanto Bolsonaro manteve-se praticamente estável. Já a parcela dos que dizem “nenhum” nesse cenário subiu de 14% para 18,8%.

    O cenário projetado, no entanto, é altamente improvável: Jair Bolsonaro está inelegível até pelo menos 2030, em razão de condenação por abuso de poder político e econômico no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

    Pesquisa Ibespe Lula x Bolsonaro segundo turno

    Além disso, em 11 de setembro de 2025, o ex-presidente foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por cinco crimes: golpe de Estado; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; organização criminosa armada; dano qualificado contra patrimônio da União; e deterioração de patrimônio tombado.

    Pelas regras da Lei da Ficha Limpa, Bolsonaro ficará inelegível por oito anos após o cumprimento da pena, o que o tornaria apto a concorrer novamente por volta de 2060, quando já teria 105 anos de idade.

    A inelegibilidade de Jair Bolsonaro até 2060 aprofunda a crise de liderança na direita brasileira, que ainda não conseguiu definir um nome competitivo para a disputa presidencial de 2026.

    Como antecipou a coluna, Jair Bolsonaro dará sua bênção ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), mas atualmente ele não dispõe do mesmo apoio popular do capitão reformado.

    Para complicar, os filhos do ex-presidente — especialmente o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) — não aceitam a candidatura de Tarcísio. Eduardo já disse ao Metrópoles que gostaria de disputar a Presidência da República em 2026.

    A pesquisa foi realizada por telefone, com 1.012 entrevistas entre os dias 1º e 4 de outubro deste ano. A margem de erro é de 3,1 pontos percentuais, para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%. O Ibespe é coordenado pelo cientista político Marcelo Di Giuseppe.

    Assim como outras pesquisas, o Ibespe usa a técnica de pós-estratificação, em que os pesos das entrevistas são ajustados para que a amostra corresponda ao perfil do eleitorado brasileiro. O objetivo é que a amostra reproduza as características do eleitorado brasileiro quanto à idade, sexo e educação, entre outras variáveis.

    O Ibespe, sediado em São Paulo, é conhecido por realizar levantamentos eleitorais para diferentes campanhas. O instituto trabalhou para Jair Bolsonaro (PL) em 2022 e para João Doria (PSDB) em 2018, quando o tucano foi eleito governador de São Paulo. Também realiza pesquisas para candidatos a cargos no Executivo e no Legislativo em diversos estados.

    Bolsonaro vai melhor entre quem se informa nas redes sociais

    O ex-presidente Jair Bolsonaro tem vantagem entre os eleitores que se informam pelas redes sociais, segundo a pesquisa Ibespe. Nesse grupo, ele aparece com 51,2% das intenções de voto, contra 45,8% do presidente Lula (PT). Entre os que se informam pela televisão, o cenário se inverte: Lula lidera com 46,2%, enquanto Bolsonaro soma 27,9%.

    Bolsonaro também se sai melhor entre homens — 48,1% das intenções, ante 34,9% de Lula — e entre jovens de até 34 anos, faixa em que mantém índices próximos de 49%. O desempenho do ex-presidente cai conforme a idade avança: entre os eleitores com 60 anos ou mais, ele registra 31,4%, enquanto Lula sobe para 46,6%.

    A escolaridade é outro fator que diferencia os dois. Bolsonaro lidera entre eleitores com ensino médio (46,9%), mas perde entre os que têm ensino fundamental (33,6%) e ensino superior (42,5%), onde a disputa é mais equilibrada. Já Lula se destaca entre os menos escolarizados, com 46,6% das intenções de voto nesse grupo.

    O recorte religioso reforça o contraste: evangélicos preferem Bolsonaro (56,8%), enquanto católicos votam majoritariamente em Lula (39,1%). Entre os que se declaram sem religião, o petista também tem vantagem, com 43,3% contra 25,6% do rival.