A Polícia Federal (PF) investiga se lotes de metanol abandonados após a Operação Carbono Oculto, deflagrada em agosto contra o crime organizado infiltrado no setor de combustíveis, foram usados por criminosos para adulterar bebidas alcoólicas vendidas em diversas regiões do país. A hipótese foi confirmada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski.
Segundo o ministro, durante as ações da Carbono Oculto, operação que mirou um esquema bilionário de lavagem de dinheiro e fraudes fiscais, tanques e caminhões com grandes volumes de metanol foram abandonados pelos investigados. Agora, há suspeita de que parte desse material tenha sido desviado e reutilizado de forma ilegal na produção de bebidas falsificadas.
Leia também
-
Concurso: fraude de “Baby 10” levou policial civil do DF para a cadeia
-
Baby 10: o “fotógrafo” das provas que fraudou 67 concursos e o CNU
-
TCE-PE suspende concurso após aprovação da “candidata gênio”
-
Alvo da PF, “candidata gênio” é aprovada em novo concurso de R$ 27 mil
“Muitos caminhões e tanques de metanol foram abandonados depois desta operação. Essa é uma hipótese que está sendo estudada pela Polícia Federal. Se essa for a origem do metanol que está adulterando as bebidas, então a atuação repressiva será numa direção; se for de origem agrícola, a repressão terá outros alvos”, afirmou Lewandowski.
A perícia da PF está analisando amostras de bebidas apreendidas em diferentes estados para determinar a origem química do metanol, se derivado de combustíveis fósseis ou de processos vegetais, como o álcool de cana. Essa distinção é considerada crucial para identificar o caminho do produto e o tipo de organização criminosa envolvida.
“Saber se tem origem vegetal ou de combustível fóssil é essencial, porque são teses de investigação distintas. Se for um metanol produzido por refinaria que trabalha com cana-de-açúcar, é uma hipótese. Se for de combustíveis fósseis, é outra”, explicou o ministro.
Em São Paulo, a Polícia Civil também investiga casos de intoxicação por bebidas contaminadas. Entre as linhas de apuração estão o uso do metanol para lavar garrafas e a adição da substância para aumentar o volume de álcool, reduzindo custos de produção ilegal.
Das amostras analisadas até agora, duas apresentaram concentração de metanol acima do limite permitido pela legislação.
Desde o início das ações de fiscalização, mais de 20 mil garrafas com indícios de falsificação foram apreendidas em estabelecimentos e depósitos clandestinos. Em 2025, as apreensões desse tipo já somam 66 mil unidades, com 42 prisões, sendo 21 apenas na última semana.
A Operação Carbono Oculto, que deu origem à nova linha de investigação, revelou em agosto deste ano um esquema sofisticado de lavagem de dinheiro e contrabando de combustíveis, com ramificações em vários estados.
Parte das cargas apreendidas continha metanol importado ilegalmente, utilizado para adulterar gasolina e etanol.
