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Caso Igor Peretto: investigação nega premeditação e romance de trisal

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Caso Igor Peretto: investigação nega premeditação e romance de trisal

Autoridades responsáveis pela investigação do homicídio do empresário Igor Peretto, morto a facadas em 31 de agosto do ano passado em Praia Grande, no litoral de São Paulo, negaram ter encontrado indícios de premeditação do crime ou da existência de um trisal entre os acusados.

Os acusados são:

As declarações foram dadas em juízo, em audiência que pronunciou Mário e Marcelly por homicídio com três qualificadoras – motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa do ofendido. Com a decisão, eles serão julgados por júri popular.

Rafaela, apontada pelo Ministério Público paulista (MPSP) como pivô do crime, não foi pronunciada por falta de materialidade nas acusações imputadas a ela. A mulher não estava presente no momento do homicídio, fator que o juiz Felipe Esmanhoto considerou decisivo para não julgá-la pela morte do empresário.

Ela, que estava presa na Penitenciária Feminina de Santana, em São Paulo, foi solta na última sexta (17/10), mesmo dia em que o MPSP recorreu da decisão que não a pronunciou pelo homicídio.

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Entenda quem é quem no assassinato do empresário Igor Peretto, no litoral de São Paulo. Imagem: Metrópoles

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Entenda quem é quem no assassinato do empresário Igor Peretto, no litoral de São Paulo

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Igor Peretto, Mário Vitorino, Marcelly Delfino Peretto e Rafaela Costa Silva

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Igor Peretto e Mário Vitorino conversam no elevador antes da morte de Igor

Reprodução

Investigadores negam premeditação e trisal

Em juízo, os agentes que investigaram o caso negaram ter encontrado indícios de premeditação do crime e da existência de um trisal, pontos fundamentais da denúncia oferecida pelo MPSP.

A negativa foi reforçada por investigadores da Polícia Civil, pelo médico legista que analisou a necropsia da vítima e pelo psicólogo criminal, que analisou a personalidade de Mário Vitorino, apontado como autor das facadas que tiraram a vida de Igor Peretto.

O delegado responsável pelo inquérito policial, no entanto, acredita na premeditação, mas também descartou a hipótese de trisal (veja mais abaixo).

Ao menos três investigadores da Polícia Civil que atuaram no caso, direta ou indiretamente, afirmaram que não foi apurado nenhum elemento que indicasse premeditação do homicídio. A investigação policial concluiu que o crime teve motivação passional, decorrente de ciúme e descontrole emocional.

Veja o que disse cada um deles:

O investigador José Carlos Salvador afirmou que “não foram encontradas conversas ou provas de que as rés tivessem atraído Igor ao apartamento com intenção de matá-lo”.

Ele disse também que “não foi apurado nenhum relacionamento simultâneo entre os três, e que o termo ‘trisal’, mencionado na imprensa, não foi utilizado pela polícia, tratando-se, na verdade, de um triângulo amoroso, com vínculos afetivos distintos”.

Salvador acrescentou ainda que a investigação não encontrou provas de motivação econômica ou de benefício financeiro aos envolvidos com a morte da vítima.

Marcelo Ferreira da Silva Pereira, chefe dos investigadores da Delegacia de Polícia de Praia Grande, reforçou que a investigação do caso não comprovou a existência de um relacionamento conjunto entre Mário, Marcelly e Rafaela.

Ele destacou que as provas e depoimentos apontam para um crime passional, sem indícios de premeditação, e que também não foi encontrada prova concreta de que Rafaela tenha instigado Mário a matar Igor.

A investigadora Katherine Verburg Cramer, que trabalhou na reprodução simulada dos fatos e na análise dos dados extraídos dos celulares dos acusados, destacou que nenhuma conversa entre eles indicava combinação prévia para o homicídio

Psicólogo criminal e médico legista também descartam premeditação

O psicólogo criminal Christian Costa, que avaliou Mário Vitorino, também descartou sinais de premeditação, atribuindo o homicídio a um “descontrole emocional”.

Ele apontou ainda que “a quantidade de ferimentos e o descontrole do ambiente não indicam execução ou planejamento, mas uma briga violenta e desordenada”. O profissional também descartou motivação financeira para o cometimento do crime.

Luiz Belmonte Netto, médico legista que analisou os laudos necroscópicos da vítima e do local do homicídio, apontou que as marcas no corpo de Igor indicam luta, “e não execução”. O especialista afirmou que o ato ocorreu sem planejamento ou emprego de meio cruel.

Tanto ele quanto outros técnicos citados aqui descartam a presença de Marcelly na luta corporal, mas apontam para o fato de ela não ter chamado por socorro enquanto Igor era morto em um cômodo do apartamento.

Delegado fala em premeditação, mas descarta trisal

O delegado responsável pelo inquérito policial, Renato Magazão Júnior, discorda e defende que o crime foi premeditado pela forma com que os réus se comunicaram na noite do homicídio, mas descartou a existência de um trisal.

Ele explicou que a expressão “trisal” foi cunhada pela imprensa e não pela polícia. Júnior destacou que Rafaela e Igor estavam separados, e que o relacionamento de Mário e Marcelly também já havia terminado.

Ele afirmou acreditar que o crime foi premeditado, “pois, segundo Mário, eles eram cautelosos em suas comunicações por receio de Igor, mas, no dia dos fatos, Rafaela agiu sem qualquer cuidado, sugerindo planejamento”.

Por fim, o delegado apontou que a investigação constatou a existência de conversas de teor amoroso entre Rafaela e Mário, e também indícios de relação íntima entre Rafaela e Marcelly, embora não simultâneas.

Relembre o crime

A manhã do crime

De acordo com a cronologia do crime, elaborada pela Polícia Civil, Marcelly e Rafaela chegaram de carro ao Residencial Vogue, onde Marcelly é proprietária de um apartamento, às 4h32 do dia 31 de agosto, madrugada de sábado. Antes disso, elas estavam em uma festa junto de Mario e Igor.

Por volta das 5h40, Rafaela saiu sozinha do apartamento de Marcelly e partiu de carro. Apenas 13 segundos depois, Mario e Igor chegam juntos ao prédio. Às 5h44, os dois homens saem do elevador em direção ao apartamento de Marcelly, onde Igor foi assassinado.

Um vídeo mostra os últimos momentos de Igor com vida.

Veja:



Vinte minutos depois, às 6h04 do sábado, Mario e Marcelly saem sozinhos pelas escadas do prédio e vão em direção ao subsolo, onde está estacionado o carro de Mario.

Os depoimentos dos réus divergem quanto aos detalhes do crime. Apesar disso, a Polícia Civil concluiu que houve uma discussão entre o trio. Em dado momento, Mario desferiu diversos golpes de faca em Igor, que morreu no local.

Após o homicídio, o cunhado e a irmã de Igor partiram de carro em direção ao apartamento de Mario. De lá, o casal seguiu para a estrada, tendo encontrado Rafaela aproximadamente às 8h48 no Posto Olá, no km 124 da Rodovia Governador Carvalho Pinto.

Uma hora depois, o trio chegou em Campos do Jordão. Marcelly teria pego um carro de aplicativo e retornado para a Praia Grande, enquanto Rafaela e Mario foram a um motel em Pindamonhangaba, no interior, para que ele trocasse as roupas sujas de sangue.

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Motel em que Rafaela Costa da Silva e Mário Vitorino da Silva Neto foram após assassinato de Igor Peretto. Imagem: Polícia Civil

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Quarto onde Mário e Rafaela ficaram em Pindamonhangaba. – Imagem: Polícia Civil

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Suíte 25 do Motel Miami, onde Rafaela e Mário se hospedaram. Imagem: Polícia Civil

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Honda HR-V preto de Mário. Imagem: Polícia Civil

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Carro de Mário abandonado no centro de Pindamonhangaba. Imagem: Polícia Civil

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Manchas de sangue no veículo. Imagem: Polícia Civil

Polícia Civil

Prisões e soltura de viúva

Rafaela e Marcelly se apresentaram à polícia e prestaram depoimento no dia 6 de setembro do ano passado, dia em que foram presas preventivamente.

Mario foi encontrado apenas no dia 15 daquele mês, na casa de um tio de Rafaela na cidade de Torrinha, no interior de São Paulo. Assim que foi capturado, ele também foi preso preventivamente.

Rafaela foi solta na última sexta, após ter alvará expedido pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). O magistrado responsável pelo caso apontou que não há materialidade suficiente para acusá-la por homicídio e, assim, mantê-la detida.

O juiz Felipe Esmanhoto afirmou que a participação de Rafaela no caso apontam para possível favorecimento pessoal, o que não foi denunciado pelo MPSP e também não prevê prisão preventiva. Por isso, ela permanece livre até que a Justiça julgue novos recursos da acusação.

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