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    Confusão por furto de celular em escola gera briga entre pais e alunos

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    Uma confusão envolvendo três adolescentes de 16 anos e os pais deles terminou na 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul), que investiga o caso como vias de fato e ameaça. A briga ocorreu em uma escola da Asa Sul e teria começado após um suposto furto de celular dentro da escola.

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    Entenda o caso:

    • Policiais militares que patrulhavam a região perceberam uma aglomeração e pararam para conter a situação.
    • Segundo o boletim de ocorrência, um dos alunos relatou ter perdido ou tido o aparelho furtado.
    • O pai do jovem, informado de que outro estudante estaria com o celular, foi até o colégio tirar satisfações.
    • Sem encontrar o garoto, ele teria se dirigido outro aluno e o agredido com uma cabeçada no nariz, além de fazer ameaças.

    A mãe do adolescente que teria sido agredido contou que o filho teve sangramento e foi levado ao hospital. O agressor acabou conduzido à 1ª DP.

    Em um vídeo, um parente de um dos envolvidos encurrala um adolescente na parede durante a discussão. “E por que você não fala, parceiro? Não sei, mas safado é safado. Se você estiver passando pano pra safado, vou achar quem pegou o celular”.

    Em seguida, questiona o jovem: “Tá me olhando com cara de ameaça por quê?”. O adolescente responde: “É o jeito”. O homem retruca: “É o jeito o quê? Tô te perguntando na moral. Se fosse o seu filho ou alguém da sua família, você não ficaria nervoso também?”.

    Em outro vídeo, adolescentes parecem avançar em direção à polícia. Um dos PMs afasta uma garota, e é possível ouvir um barulho que indica o uso de spray de pimenta. Uma policial feminina aparece falando: “O que é, porra? Fica na tua, porra!”.

    Outras imagens mostram um aluno debochando da situação: “Acena aí para a desgrama do Setor Leste. Olha a desgrama aí!”.

    Veja imagens do caso: 

    

    Versões conflitantes

    Na delegacia, o homem negou ter ameaçado ou agredido o menor. Ele afirmou que o filho havia esquecido o celular sobre o bebedouro da escola e que um aluno teria pegado o aparelho. Disse ainda ter comunicado o caso à direção, mas que nenhuma providência foi tomada. Segundo seu relato, um dos adolescentes o teria intimidado dizendo que “a mãe fazia parte de uma facção”, e, diante disso, ele apenas “encostou no rosto” do jovem.

    A mãe do aluno mencionado, uma mulher de 38 anos, foi chamada à escola. Ela afirmou que o filho contou ter sido agredido e ameaçado pelo pai de outro estudante, que teria dito: “Vou pegar você, sua mãe e seu pai”.

    Um primo de um dos adolescentes, de 21 anos, também prestou depoimento. Ele declarou que um homem de 33 anos acusou os jovens pelo furto e fez ameaças: “Se vocês tiverem envolvimento no roubo do celular do meu filho, eu vou pegar alguém da sua família. Vou ficar vigiando todos na entrada e saída da escola”. Ainda conforme o depoimento, esse mesmo homem foi o responsável pela cabeçada que atingiu o estudante.

    Em nota, o advogado de defesa da mãe do adolescente agredido informou que, na quarta-feira (8/10), a mãe do jovem recebeu uma ligação informando que seu filho havia sido agredido por um pai em frente à escola do Setor Leste. Ela se dirigiu imediatamente à escola, momento em que a Polícia Militar foi acionada.

    Relato da defesa:

    • Segundo a defesa, ao chegar, a polícia já estava no local, mas teria agido com truculência, incluindo agressões verbais.
    • Os policiais teriam ameaçado os alunos com arma e uso de spray de pimenta.
    • O agressor, acompanhado de dois amigos, teria encurralado os adolescentes, ameaçado de morte e dado uma cabeçada no adolescente.
    • O advogado ressalta que, inicialmente, o agressor confessou a ataque e pediu desculpas à mãe do adolescente.
    • Segundo o advogado, depois o agressor mudou a versão dos fatos na delegacia, apesar de haver testemunhas e gravações que comprovam a ocorrência.
    • O menor foi levado ao IML, onde a agressão foi atestada.

    A defesa diz que os adolescentes esperavam proteção da polícia, mas, segundo o relato, houve postura de truculência e agressão por parte dos agentes, aparentemente para proteger os adultos envolvidos. “Não se espera que a polícia corrobore com a ação de agressores que fazem justiça com as próprias mãos, diante de menores, em plena luz do dia e dentro de uma escola pública”, afirma o advogado, destacando o dever constitucional do Estado de proteger e educar os jovens.

    A coluna Na Mira entrou em contato com a Secretaria de Educação do DF, que informou que está apurando o caso. A Polícia Militar não se manifestou até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto para posicionamentos.