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    COP30: A hora e a vez do financiamento climático (por Mariana Caminha)

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    Semana passada, em Londres, a conferência anual da Climate Bonds Initiative funcionou como um verdadeiro aquecimento para a COP30, em Belém. Entre investidores, gestores de recursos e especialistas em políticas públicas e finanças sustentáveis, um grande desafio ecoava — mais alto e mais urgente: como viabilizar o financiamento climático.

    O maestro do dia, Sean Kidney, fundador da organização, vislumbrou há mais de uma década que, para enfrentar a crise climática, seria indispensável mobilizar capital em escala global. Sua visão era simples e poderosa: fazer com que esse capital fosse direcionado, de forma ágil, transparente e confiável, a projetos alinhados à meta de 1,5°C.]

    Para isso, é essencial clareza sobre o que se reconhece como “sustentável”, com base em taxonomias pautadas por critérios científicos e em um processo de certificação que ofereça aos investidores credibilidade e segurança. Foi assim que cresceu o chamado mercado de finanças sustentáveis, que hoje já soma US$ 6,2 trilhões em emissões de títulos verdes, de sustentabilidade, sociais e de transição.

    Inspirar investidores, apresentar pipelines de projetos, influenciar políticas públicas e fomentar o mercado de finanças sustentáveis estão entre as principais metas de muitas organizações que marcarão presença na COP30. A chamada pré-COP de São Paulo, que começa na próxima semana, será essencialmente dedicada a discutir os caminhos para o financiamento climático, reunindo profissionais de todo o mundo.

    O prognóstico do setor é positivo, com destaque para o avanço das emissões soberanas e de bancos de desenvolvimento. Este ano a China emitiu seu primeiro título soberano verde no mercado offshore, enquanto o Paquistão ingressou nesse universo com sua emissão inaugural de título verde em moeda local.

    Outro tema que ganhará força na COP deste ano é o financiamento para adaptação e resiliência – que ainda avança em ritmo muito inferior ao da mitigação. Enquanto as discussões acontecem, novas taxonomias de resiliência estão sendo desenvolvidas, representando um passo importante para o fortalecimento desse segmento.

    Como costuma dizer Sean Kidney, já ficou para trás o tempo em que se discutia se deveríamos emitir títulos sustentáveis. Agora, a pergunta é outra: como financiar a transição de forma rápida e em grande escala? Segundo ele, os investidores estão famintos por projetos sustentáveis – já entenderam que a transição não é apenas boa para o planeta, é boa para os negócios também.

    A COP30 promete ser um grande palco para que essas ideias avancem na direção certa. Que junto a elas fluam, também, os recursos para projetos que façam bem ao nosso planeta.

     

    Mariana Caminha é jornalista e especialista em estratégias de comunicação voltadas para crise climática e desenvolvimento sustentável.