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    De olho em 2026, oposição quer presidir CPI do crime organizado

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    A oposição no Senado irá insistir em presidir a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o crime organizado, que será instalada na terça-feira (4/10).

    A iniciativa foi oficializada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), um dia depois dos desdobramentos da megaoperação do governo do Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho nas comunidades da Penha e do Alemão.

    Trata-se de uma pauta cara para a direita aliada ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), especialmente para a bancada do Rio de Janeiro, berço político do bolsonarismo do qual o governador Cláudio Castro (PL) faz parte.

    Contexto da megaoperação

    • A ação envolveu cerca de 2,5 mil agentes da Polícia Civil, da Polícia Militar e do Ministério Público do Rio (MPRJ).
    • O objetivo era desarticular a estrutura do Comando Vermelho (CV), principal facção do tráfico no estado, nos complexos da Penha e do Alemão.
    • Durante o confronto, criminosos ergueram barricadas, lançaram explosivos por drones e abriram fogo contra as equipes policiais.
    • O tiroteio se estendeu por várias áreas, deixando moradores em pânico e interrompendo o funcionamento de escolas, transportes e serviços públicos.
    • Segundo informações do governo do Rio, 121 pessoas morreram, dentre elas quatro policiais.
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    Naturalmente, a principal reivindicação da vaga pela oposição é do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que defendeu as ações da Forças de Segurança do Estado. Foram confirmadas ao menos 121 mortes, das quais quatro foram policiais civis e militares.

    “Sem duvida [pleitearemos a presidência]. Nossos senadores Flávio Bolsonaro, Hamilton Mourão, Magno Malta, Sérgio Moro, há muitos nomes que tem conhecimento profundo do assunto”, disse ao Metrópoles o líder do PL, Carlos Portinho (RJ).

    Pela atual composição da CPI do Crime Organizado, a oposição pode obter a maioria necessária para eleger o presidente do colegiado. Estão como titulares Flávio Bolsonaro, Sergio Moro (União Brasil-PR) e Magno Malta (PL-ES), além de Marcos do Val (Podemos-ES), que interrompeu a licença médica de 120 dias para integrar a comissão.

    No entanto, a leitura de próprios líderes da oposição consultados pela reportagem é que trata-se de um cenário difícil, depois do antecedente da eleição da mesa da CPMI do INSS, em que o governo sofreu um revés e acabou com então candidato à presidênica Omar Aziz (PSD-AM), derrotado.

    A leitura é que o governo terá uma atenção redobrada com o alcance da comissão, especialmente à frente das eleições gerais de 2026, e por se tratar de um tema sensível para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O governo tenta avançar na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública desde o início do ano.

    A relatoria, por outro lado, é dada como certa ao senador Alessandro Vieira (MDB-SE), governista, propositor da criação da comissão e ex-delegado. De perfil moderado, o nome do senador sergipano é visto com bons olhos tanto na base do governo quanto na oposição.