O depoimento do piloto de avião Henrique Traugott Binder Galvão, realizado nesta terça-feira (28/10), está frustrando os membros da Comissão Mista de Inquérito (CPMI) que investiga as fraudes do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
“Olha a perda de tempo que nós estamos tendo nessa CPMI. Em vez de trazermos aqui pessoas envolvidas com os roubos, estamos ouvindo um piloto de avião”, reclamou o deputado federal Zé Trovão (PL-SC). “Ei até acredito que ele levou propina no avião, mas não pode ser responsabilizado por crimes nesta comissão, é prestador de serviços, é só um piloto”, completou o parlamentar.
Outros deputados e senadores também estão demonstrando a frustração com a falta de revelações e muitos estão até abrindo mão de fazer perguntas.
Galvão comparece à CPMI sem levar advogado e sem ter habeas corpus e responde todas as perguntas, mas sabe pouca coisa. Questionado várias vezes se levou malas de dinheiro ou objetos valiosos em algum voo, por exemplo, negou em todas as vezes.
O deputado federal Duarte Jr. (PSB-MA) até tentou apertar mais o depoente, acusando-o de ter responsabilidade sobre o que transportou como piloto, mas também não conseguiu tirar relevações de Galvão.
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Galvão comandou aviões ligados à Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), uma das principais entidades investigadas. Embora tenha conexão, o piloto não é investigado pela Operação Sem Desconto, da Polícia Federal (PF).
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O escândalo do INSS foi revelado pelo Metrópoles em uma série de reportagens publicadas a partir de dezembro de 2023. Três meses depois, o portal mostrou que a arrecadação das entidades com descontos de mensalidade de aposentados havia disparado, chegando a R$ 2 bilhões em um ano, enquanto as associações respondiam a milhares de processos por fraude nas filiações de segurados.
As reportagens do Metrópoles levaram à abertura de inquérito pela Polícia Federal (PF) e abasteceram as apurações da Controladoria-Geral da União (CGU). Ao todo, 38 matérias do portal foram listadas pela PF na representação que deu origem à Operação Sem Desconto, deflagrada no dia 23 de abril deste ano e que culminou nas demissões do presidente do INSS e do então ministro da Previdência, Carlos Lupi.
