MAIS

    Deprimido, Tarcísio espera a passagem do cavalo pela segunda vez

    Por

    Cito de memória: “Ainda bem que os paulistas não sabem fazer política. Era só o que faltava para que mandassem sozinhos no país”, disse o mineiro Tancredo Neves, que se elegeria presidente da República em 1985,  mas morreria sem assumir o cargo.

    Minas Gerais e São Paulo se revezaram no poder ao longo de boa parte da Primeira República (1889-1930). Era a política do “café com leite”, um acordo informal entre as oligarquias dos dois Estados, a de São Paulo representando o café, a de Minas o leite.

    Esse sistema se manteve por meio do voto de cabresto e outros tipos de fraudes. A revolução de 1930, liderada pelo gaúcho Getúlio Vargas, deu início à Segunda República. O Estado Novo (1937-1945) foi o período em que Getúlio governou como ditador.

    Ele fechou o Congresso, promulgou uma nova Constituição inspirada no fascismo italiano, censurou a imprensa e perseguiu adversários. Foi deposto por um golpe. Elegeu-se presidente em 1950 e matou-se em 1954 para não ser deposto outra vez.

    Desde 1930 que um paulista não governa o Brasil. Jânio Quadros governou São Paulo nos anos 1950 e se elegeu presidente em 1960, mas nasceu em Campo Grande, hoje capital do Mato Grosso do Sul. Renunciou à Presidência sete meses depois de empossado.

    Fernando Henrique fez política em São Paulo e se elegeu duas vezes presidente, mas nasceu no Rio. José Serra e Geraldo Alckmin, ambos paulistas, disputaram a Presidência e perderam. Bolsonaro nasceu em São Paulo, mas fez carreira no Rio.

    Agora, os paulistas apostam suas fichas para voltar a governar o país no carioca Tarcísio de Freitas, que só mudou seu domicílio eleitoral para São Paulo em 2022 e se elegeu governador. E só se elegeu por obra e graças aos votos de Bolsonaro.

    Hoje, Tarcísio tem votos para se reeleger governador, mas não para disputar a vaga de Lula no próximo ano. Continua dependente de Bolsonaro e à espera de sua benção. E, no momento, deprimido e desanimado com suas chances reais de se eleger presidente.

    O tarifaço de Trump, a possibilidade de entendimento entre Trump e Lula, a rejeição crescente ao bolsonarismo e a oposição feroz que lhe movem os filhos do ex-presidente a caminho da Penitenciária da Papuda, são seus principais obstáculos.

    Sem falar dos inúmeros erros políticos que Tarcísio cometeu até aqui. O cavalo encilhado distancia-se dele sem que Tarcísio o tenha montado. Resta-lhe torcer para que passe novamente.  Não costuma passar duas vezes seguidas em tão pouco tempo.

     

    Todas as Colunas do Blog do Noblat no Metrópoles