A Dinamarca anunciou nesta segunda-feira (6/10) o reforço de controles sobre petroleiros que cruzam suas águas territoriais, em uma medida voltada a conter a chamada “frota paralela” da Rússia. Segundo Kiev, as embarcações usadas para burlar sanções também estão sendo utilizadas para lançar drones sobre cidades europeias.
O anúncio ocorre em meio à crescente preocupação com a segurança na região do Mar Báltico, onde uma série de avistamentos de drones levou ao fechamento temporário de aeroportos dinamarqueses nas últimas semanas.
Segundo o governo, o foco das novas ações será inspecionar embarcações mais antigas, frequentemente associadas à frota russa e consideradas de alto risco ambiental e estrutural.
“Um grande número de petroleiros velhos e inseguros navega por nossas águas todos os anos. Eles representam um risco particular ao nosso ambiente marinho”, afirmou o ministro do Meio Ambiente, Magnus Heunicke. “Estamos reforçando os controles com regras ambientais básicas para agir de forma mais eficaz contra a frota paralela russa.”
A Administração Marítima Dinamarquesa, em parceria com a Agência de Proteção Ambiental, intensificará inspeções técnicas e ambientais para garantir o cumprimento das normas internacionais.
O ministro da Indústria e Comércio, Morten Bodskov, destacou que o endurecimento das inspeções é parte de uma estratégia mais ampla para enfraquecer a economia de guerra do presidente russo, Vladimir Putin.
“Estamos usando todas as ferramentas. Muitos desses navios são velhos e desgastados. Nossas autoridades estão intensificando os controles para proteger a Dinamarca e suas águas”, disse Bodskov.
“Frota paralela”
- Conhecida também como “frota sombra”, a rede é composta por petroleiros com estruturas de propriedade opacas, frequentemente registrados sob bandeiras de conveniência e operados por empresas intermediárias.
- O objetivo é driblar as sanções impostas ao petróleo russo desde o início da guerra na Ucrânia, em 2022.
- Essas embarcações costumam evitar portos e seguros ocidentais, operar com sistemas de rastreamento desligados e realizar transferências de carga em alto-mar, o que as torna praticamente invisíveis à fiscalização.
- Além de facilitar o comércio ilícito de petróleo, a frota representa risco crescente de acidentes ambientais no Báltico — uma das regiões marítimas mais sensíveis do planeta.
Acusações ucranianas
A decisão de Copenhague vem após o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, citar relatórios de inteligência, no fim de setembro, que afirmava que a frota paralela russa estaria sendo usada para lançar e controlar drones sobre cidades europeias. Zelensky pediu que países da região fechem o Mar Báltico à navegação de petroleiros russos, alegando riscos de segurança.
A proposta, porém, foi rejeitada pela Polônia, cujo presidente, Karol Nawrocki, afirmou que decisões desse tipo exigem “análises técnicas e militares” e não podem se basear apenas em declarações políticas.
Moscou nega as acusações e classificou as denúncias de Kiev como “provocações sem provas”. O Kremlin alertou que qualquer tentativa de bloquear a navegação russa em águas internacionais seria considerada uma “agressão” e teria resposta.