O dólar operava perto da estabilidade na manhã desta sexta-feira (17/10), na última sessão da semana, na qual os investidores seguem com as atenções mais voltadas ao cenário internacional.
Neste último pregão da semana, o mercado repercute a reunião da véspera entre o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, que marcou oficialmente a retomada das negociações entre Brasil e EUA sobre o tarifaço.
Ainda no front externo, o destaque do dia é o encontro entre os presidentes dos EUA, Donald Trump, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, na Casa Branca. Os investidores também seguem monitorando declarações de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) sobre a taxa de juros.
Dólar
- Às 9h20, a moeda norte-americana recuava 0,06% e era negociada a R$ 5,44, praticamente estável.
- No dia anterior, o dólar fechou em queda de 0,36%, cotado a R$ 5,443.
- Com o resultado, a moeda dos EUA acumula ganhos de 2,26% em outubro e perdas de 11,93% frente ao real em 2025.
Ibovespa
- As negociações do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), começam às 10 horas.
- Na véspera, o indicador fechou o pregão em baixa de 0,28%, aos 142,2 mil pontos.
- Com o resultado, a Bolsa brasileira acumula perdas de 2,76% no mês e ganhos de 18,22% no ano.
Leia também
-
Reunião de Vieira e Rubio pavimenta negociação sobre tarifaço dos EUA
-
Sanções dos EUA ao Brasil permanecem após reunião entre Rubio e Vieira
-
Após ligação com Putin, Trump recebe Zelensky na Casa Branca
-
Diretor do Fed indicado por Trump defende corte maior de juros nos EUA
Vieira, Rubio e o tarifaço
A reunião entre o chanceler brasileiro Mauro Vieira e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, terminou sem grandes anúncios imediatos. No entanto, o encontro pavimentou a retomada do diálogo entre Brasil e EUA, que agora se preparam para iniciar negociações envolvendo o tarifaço norte-americano e as sanções contra autoridades brasileiras.
Na reunião, o chanceler reiterou a posição brasileira e pediu a “reversão das medidas adotadas pelo governo norte-americano a partir de julho”. Os próximos passos das negociações, como datas, formato e equipes de negociadores, serão definidos em contatos futuros com Rubio, acrescentou o chanceler brasileiro.
Em entrevista coletiva após a ida à Casa Branca, Vieira revelou que a conversa com Rubio ocorreu em “clima excelente de descontração”, em sintonia com a “boa química” entre os presidente Lula e Donald Trump durante a 80ª Assembleia Geral da ONU.
Após o evento em Nova York, os dois presidentes realizaram uma chamada de vídeo em 6 de outubro, em que acertaram um novo encontro presencial. Segundo o Palácio do Planalto, Lula se mostrou disposto a manter reunião bilateral com Trump na próxima Cúpula da Asean, prevista para acontecer no fim deste mês, na Malásia.
Trump e Zelensky
Um dia após conversar por telefone com o líder russo Vladimir Putin, o presidente dos EUA, Donald Trump, recebe nesta sexta-feira o líder ucraniano Volodymyr Zelensky na Casa Branca. O encontro, cercado de expectativa, pode marcar uma virada decisiva na estratégia norte-americana em relação à guerra no Leste Europeu e no apoio militar a Kiev – e também mexe com os mercados.
Trump e Zelensky devem discutir o envio de mísseis de cruzeiro Tomahawk, de longo alcance, capazes de atingir alvos entre 1,6 mil e 2,5 mil quilômetros de distância. O tema, classificado como “extremamente sensível”, vem dividindo o alto escalão do governo norte-americano, que busca equilibrar o apoio à Ucrânia e a manutenção de canais diplomáticos com Moscou.
Após ligação com Putin, Trump assumiu uma postura mais cautelosa diante do assunto. Ele chegou a afirmar que os EUA “também precisam dos Tomahawks”, ao comentar o possível envio dos mísseis para a Ucrânia. “Temos muitos, mas precisamos deles. São armas vitais, poderosas e precisas. Não podemos esgotar nossos próprios estoques”, disse o presidente.
A reunião acontece menos de 24 horas após uma ligação telefônica de duas horas e meia entre Trump e Putin. Segundo o Kremlin, o diálogo foi “franco e produtivo” e incluiu discussões sobre o futuro da guerra na Ucrânia, as negociações de paz e a possibilidade de uma nova cúpula entre ambos, a ser realizada em Budapeste, Hungria, nas próximas semanas.
Juros nos EUA
À medida que se aproxima a próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Fed, o mercado financeiro aumenta sua expectativa por um novo corte na taxa básica de juros nos EUA.
Nesta sexta-feira, os investidores acompanham o discurso do presidente do Fed de Saint Louis, Alberto Musalem, sempre em busca de possíveis indicações a respeito da trajetória dos juros da economia norte-americana.
Na véspera, Stephen Miran, indicado por Trump para a diretoria do Fed, afirmou que a autoridade monetária deveria promover um corte de 0,5 ponto percentual na taxa de juros. Atualmente, os juros da economia norte-americana estão situados no intervalo entre 4% e 4,25% ao ano – depois de um corte de 0,25 ponto percentual na última reunião do Fed, em setembro.
A expectativa da maioria dos analistas do mercado é a de que o BC dos EUA promova mais dois cortes de 25 pontos-base na taxa de juros até o fim deste ano. As próximas reuniões do Fomc acontecem nos dias 28 e 29 de outubro e 9 e 10 de dezembro.
Segundo Miran, já existe espaço para que o corte de juros seja intensificado, mas isso não deve ocorrer. O diretor do Fed admitiu que a tendência é uma nova queda de 25 pontos-base na próxima reunião do Fomc, daqui a cerca de dez dias.