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    Dólar cai a R$ 5,46 e Bolsa sobe com Trump-Xi, Fed e alta do varejo

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    O dólar terminou a sessão desta quarta-feira (15/10) em leve queda, em mais um dia no qual as atenções do mercado financeiro se voltaram mais ao front externo do que ao noticiário econômico doméstico.

    O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), fechou o pregão em alta, beirando os 143 mil pontos.

    Dólar

    • A moeda dos Estados Unidos terminou o dia em baixa de 0,13%, negociada a R$ 5,462, perto da estabilidade.
    • Na cotação máxima da sessão, o dólar bateu R$ 5,471. A mínima foi de R$ 5,433.
    • Na véspera, o dólar fechou em leve alta de 0,14%, a R$ 5,469, praticamente estável.
    • Com o resultado, a moeda norte-americana acumula ganhos de 2,63% em outubro e perdas de 11,62% frente ao real em 2025.

    Ibovespa

    • O Ibovespa, principal indicador do desempenho das ações negociadas na B3, terminou o pregão em alta de 0,65%, aos 142,6 mil pontos.
    • Na maior pontuação do dia, o Ibovespa cravou 142.905,09 pontos. A mínima foi de 141.153,91 pontos.
    • No dia anterior, o indicador fechou estável, com queda marginal de 0,07%, aos 141,6 mil pontos.
    • Com o resultado, a Bolsa brasileira acumula perdas de 2,41% no mês e valorização de 18,49% no ano.
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    Possível reunião entre Trump e Xi Jinping

    Os investidores continuam monitorando os novos capítulos da guerra comercial entre EUA e China, alternando momentos de maior otimismo e pessimismo em relação aos efeitos da disputa sobre a economia global.

    Nesta quarta-feira, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, disse que o presidente norte-americano Donald Trump está disposto a se reunir com o líder chinês Xi Jinping para tratar das negociações comerciais entre os dois países. Há a expectativa de que esse encontro possa ocorrer durante a cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), na Coreia do Sul, que começa no dia 27 de outubro.

    Trump havia colocado em dúvida a reunião com Xi Jinping depois que Pequim decidiu limitar a exportação de terras raras. Em resposta, a Casa Branca impôs tarifas adicionais de 100% sobre os produtos chineses, o que causou uma nova onda de preocupação no mercado.

    “Os EUA não querem se desvincular da China, mas teriam que agir se Pequim se mostrar um fornecedor não confiável”, afirmou Bessent. “A China não só está alimentando a guerra da Rússia na Ucrânia como suas ações mais uma vez demonstraram o risco de depender dela, das terras raras e, na verdade, de qualquer coisa. Se a China quiser ser um parceiro não confiável para o mundo, o mundo terá de se desvincular”, ameaçou o secretário do Tesouro.

    Livro Bege do Fed

    Ainda no âmbito internacional, os investidores repercutiram nesta quarta-feira a publicação do Livro Bege do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA). O documento reúne informações sobre a atividade econômica do país e serve como bússola para orientar o mercado acerca das percepções da autoridade monetária sobre indicadores como inflação e emprego.

    Na véspera, em discurso durante o encontro anual da Associação Nacional de Economia Empresarial (Nabe, na sigla em inglês), o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que a inflação no país continua acima da meta e exigindo cuidado por parte da autoridade monetária.

    No evento, Powell disse ainda que “há risco de que o lento repasse das tarifas comerciais comece a parecer uma inflação persistente”, o que exigiria cautela do BC norte-americano.

    Ainda segundo o presidente do Fed, o mercado de trabalho nos EUA “está mostrando riscos negativos bem significativos”, com claros sinais de desaceleração na criação de vagas e uma demanda por mão de obra “se movendo um pouco mais rápido do que a oferta”.

    “Se agirmos muito rapidamente, podemos deixar o trabalho contra a inflação inacabado”, alertou Powell.

    O chefe do BC dos EUA afirmou também que o objetivo da autoridade monetária é levar a inflação de volta à meta de 2% ao ano, “sem causar danos desnecessários ao emprego”. “Nossas decisões são tomadas reunião a reunião, com base na evolução dos dados e no balanço de riscos entre crescimento, emprego e preços”, explicou.

    “Os dados mostram que o aumento dos preços de bens reflete, principalmente, as tarifas, e não pressões inflacionárias mais amplas”, disse Powell.

    Em agosto, a inflação nos EUA ficou em 2,9% base anual, acima da meta de 2% buscada pelo Fed e levemente maior do que no início do ano.

    Atualmente, a taxa de juros da economia norte-americana está situada no intervalo entre 4% e 4,25% ao ano – depois de um corte de 0,25 ponto percentual na última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Fed, em setembro.

    A expectativa da maioria dos analistas do mercado é a de que o BC dos EUA promova mais dois cortes de 25 pontos-base na taxa de juros até o fim deste ano. As próximas reuniões do Fomc acontecem nos dias 28 e 29 de outubro e 9 e 10 de dezembro.

    Vendas do comércio no Brasil

    No cenário doméstico, o principal destaque do dia foi a divulgação dos dados do varejo referentes ao mês de agosto. Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o volume de vendas do comércio varejista subiu 0,2% em agosto, em relação a julho, na série com ajuste sazonal. A média móvel trimestral apresentou estabilidade (variação de 0%).

    Na comparação com o mesmo período do ano passado, o volume de vendas do varejo cresceu 0,4%, a quinta taxa positiva consecutiva. No acumulado deste ano, a alta é de 1,6%. Já no acumulado de 12 meses, de 2,2%.

    No comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças, material de construção e atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo, o volume de vendas aumentou 0,9% em agosto, na comparação com julho. A média móvel registrou queda de 0,3%. Em relação a agosto de 2024, houve recuo de 2,1%. No ano, o varejo ampliado acumula uma retração de 0,4%. No acumulado de 12 meses, a alta foi de 0,7%.

    Apesar do crescimento do comércio, economistas e analistas do mercado consultados pelo Metrópoles adotaram um tom cauteloso ao comentar os dados do setor em agosto. Segundo eles, ainda não é possível vislumbrar uma recuperação plena do varejo, que vem desacelerando, assim como outros segmentos da economia brasileira.

    Análise

    Segundo Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, o dólar recuou nesta quarta-feira “acompanhando o enfraquecimento global da moeda americana e a recuperação dos preços do petróleo, em um ambiente de maior apetite por risco”.

    “Declarações de dirigentes do Federal Reserve solidificaram as apostas de um novo corte de juros nos EUA no fim de outubro, estimulando fluxos para moedas emergentes. O real se beneficiou desse movimento, ainda amparado pelo alto diferencial de juros, com a Selic mantida em 15%”, explica Shahini.