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Dólar e Bolsa caem com diálogo Lula-Trump e discurso duro de Galípolo

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Dólar e Bolsa caem com diálogo Lula-Trump e discurso duro de Galípolo

O dólar registrou queda de 0,47% frente ao real, cotado a RS 5,31, nesta segunda-feira (6/10). O Ibovespa, o principal índice da Bolsa brasileira (B3), fechou em baixa de 0,41%, aos 143.608 pontos.

Na visão de analistas, três fatores orientaram o comportamento dos mercados de câmbio e ações no Brasil com maior ênfase. Na lista, constaram manifestações do presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, reafirmando que os juros devem permanecer elevados no Brasil. Além disso, moedas de países emergentes fortaleceram-se com a elevação dos preços de commodities. Por fim, ocorreu a aguardada (ainda que inicial) conversa entre os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e dos Estados Unidos, Donald Trump.

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No caso da ligação Lula-Trump, os investidores acompanharam a divulgação de informações sobre o diálogo que, segundo o governo brasileiro, durou cerca de 30 minutos e ocorreu em tom cordial.  Lula pediu a Trump a retirada da tarifa adicional de 40% imposta à importação de produtos nacionais e das medidas restritivas aplicadas contra autoridades brasileiras, caso do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Trump, por sua vez, designou o secretário de Estado Marco Rubio para dar sequência às negociações sobre o tema com o vice-presidente Geraldo Alckmin, o chanceler Mauro Vieira e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Um encontro entre os dois presidentes ainda pode ser agendado.

Discurso duro

Já presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, voltou a tratar da questão dos juros no Brasil em evento realizado pela Fundação Fernando Henrique Cardoso (FHC), em São Paulo. Ele reafirmou que o BC manterá a taxa básica do país, a Selic, em patamar elevado por um período “bastante longo” de tempo.

Ele acrescentou que a meta da inflação (de 3% ao ano) não está sendo atingida “em nenhum horizonte até 2028” de acordo com as estimativas do Boletim Focus, a pesquisa semanal realizada pelo BC com integrantes do mercado financeiro.

Galípolo disse ainda que o BC trabalha com a meta de inflação de 3% ao ano e não com o valor da chamada “banda superior”, que vai a 4,5%. “A meta é 3%. Não foi dada a liberdade ao Banco Central de interpretar esse comando legal de forma diferente”, afirmou. “A banda serve para absorver choques. E a inflação está em 5,1%, bastante acima da banda superior.”

Fiscal “suicida”

No mesmo evento, o ex-presidente do BC, Armínio Fraga, definiu como “suicida” a política fiscal do governo Lula, que é dada pela relação entre despesas e receitas da administração federal. Para Fraga, a atual situação das contas nacionais pode provocar uma crise de grandes proporções no Brasil.

Na avaliação de Gabriel Mollo, analista de investimentos da Daycoval Corretora, o mercado acompanhou as informações sobre a conversa entre os presidentes Lula e Trump, mas o que “fez preço” (ou seja, influenciou o pregão) foram as declarações de Galípolo.

Queda da Selic

“O mercado jogou o corte na taxa de juros para o final do primeiro trimestre de 2026”, disse. “Outro ponto também que está influenciando é a preocupação com o fiscal.”

Para Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, o dólar caiu nesta segunda-feira impulsionado por uma combinação de fatores favoráveis ao real. “A moeda americana perdeu força frente a pares emergentes, enquanto a alta do petróleo e de outras commodities sustentou o movimento, favorecendo moedas ligadas a matérias-primas”, diz o analista.

“No cenário doméstico, o discurso firme de Galípolo, reafirmando o compromisso com a meta de inflação de 3% e defendendo juros restritivos por mais tempo, reforçou o diferencial de juros do Brasil em relação ao exterior”, afirma Shaini. “Além disso, a conversa entre os presidentes Lula e Trump, com sinalização de reaproximação diplomática, melhorou o sentimento de mercado.”

Inflação menor

No cenário interno, ocorreu ainda a divulgação do Boletim Focus, a pesquisa semanal realizada pelo Banco Central (BC) com integrantes do mercado financeiro. O levantamento registrou queda na projeção da inflação (de 4,81% para 4,80%) e do câmbio (de R$ 5,48 para R$ 5,45) em 2025.

Balança comercial

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) também divulgou o resultado da balança comercial em setembro. Ela fechou o mês com um superávit de US$ 2,99 bilhões. O saldo, contudo, foi 41% menor do que o registrado no mesmo mês do ano passado.

Na opinião de Ariane Benedito, economista-chefe do PicPay, o resultado foi positivo, mesmo com a queda na comparação anual. “Apesar das pressões vindas do mercado americano, a balança comercial segue favorável, sustentado pelo bom desempenho com a Argentina e a China e pela forte recuperação dos setores agropecuário e manufatureiro”, diz. “A expectativa é de que o Brasil encerre 2025 com superávit próximo a US$ 65 bilhões, condicionado ao ritmo da safra agrícola e à demanda global nos próximos meses.”

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