O dólar operava perto da estabilidade na manhã desta quarta-feira (29/10), dia no qual as atenções do mercado financeiro estão todas voltadas à reunião do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos) que definirá a nova taxa básica de juros do país.
Além da política monetária norte-americana, os investidores seguem à espera do encontro previsto para quinta-feira (30/10) entre os presidentes dos EUA, Donald Trump, e da China, Xi Jinping, em que pode ser anunciado um acordo comercial entre as duas maiores potências econômicas do mundo.
O calendário de balanços corporativos também é destaque desta quarta-feira, com a divulgação dos resultados de big techs como Meta (controladora do Facebook), Microsoft e Alphabeth (dona do Google), após o fechamento dos mercados.
Dólar
- Às 9h22, a moeda norte-americana avançava 0,1% e era negociada a R$ 5,366, praticamente estável.
- Na véspera, o dólar terminou a sessão em queda de 0,19%, cotado a R$ 5,359.
- Com o resultado, a moeda dos EUA acumula ganhos de 0,7% no mês e perdas de 13,27% no ano frente ao real.
Ibovespa
- As negociações do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), começam às 10 horas.
- No dia anterior, o indicador fechou o pregão em alta de 0,31%, aos 147,4 mil pontos, batendo o recorde histórico de fechamento, pela primeira vez acima dos 147 mil pontos.
- Com o resultado, a Bolsa brasileira acumula valorização de 0,82% em outubro e de 22,57% em 2025.
Fed deve cortar juros novamente
A grande expectativa dos investidores nesta quarta-feira é o anúncio da nova taxa de juros nos EUA. O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Fed deve promover um novo corte de 0,25 ponto percentual, levando os juros da economia norte-americana para o intervalo entre 3,75% e 4% ao ano.
Em sua última reunião, nos dias 16 e 17 de setembro, o Fed anunciou o corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros, que passou a se situar no intervalo de 4% a 4,25% ao ano. Foi o primeiro corte de juros feito pela autoridade monetária norte-americana em 2025.
A expectativa majoritária do mercado é por mais dois cortes de 0,25 ponto percentual nas duas últimas reuniões do Fed em 2025. A próxima acontece nos dias 9 e 10 de dezembro.
A taxa de juros é o principal instrumento dos bancos centrais para controlar a inflação. Em setembro, o Índice de Preços ao Consumidor nos EUA (CPI, na sigla em inglês), que mede a inflação nos EUA, ficou em 3%, na base anual, ante 2,9% registrados em agosto.
Na comparação mensal, o índice foi de 0,3%, ante 0,4% do mês anterior. A meta de inflação nos EUA é de 2% ao ano.
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Uma nova queda dos juros norte-americanos é especialmente aguardada pelo mercado. A redução tende a aumentar o interesse dos investidores por ativos de risco, como as ações negociadas nas bolsas, e a reduzir a pressão altista sobre o dólar.
A previsão de um novo corte leva a um aumento do diferencial da taxa entre o Brasil (a Selic está em 15% ao ano) e EUA, algo que incentiva o fluxo para ativos de maior retorno, beneficiando moedas emergentes.
Na véspera da decisão do Fed, na terça-feira (28/10), o presidente dos EUA, Donald Trump, voltou a criticar o chefe da autoridade monetária, Jerome Powell, seu desafeto. Após um jantar com líderes empresariais em Tóquio, no Japão, Trump chamou Powell de “incompetente” e se disse aliviado pela proximidade do fim do mandato dele na presidência do Fed, em maio do ano que vem.
“Temos um chefe incompetente do Fed. Temos um cara ruim no Fed, mas ele sairá de lá em alguns meses e teremos alguém novo”, afirmou o republicano.
Na segunda-feira (27/10), o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, revelou os cinco nomes que estão disputando a indicação para a presidência do Fed. Os “finalistas” para disputar a indicação são os atuais membros do conselho do Fed Christopher Waller e Michelle Bowman; o ex-diretor do Fed Kevin Warsh; o diretor do Conselho Econômico Nacional os EUA, Kevin Hassett; e o executivo Rick Rieder, da gestora de ativos BlackRock.
Caberá a Trump fazer a indicação para a sucessão de Powell. O nome escolhido ainda terá de passar por uma sabatina no Senado norte-americano.
Reunião decisiva entre Trump e Xi Jinping
Outro foco de atenção para os investidores é a reunião entre Donald Trump e o líder chinês, Xi Jinping, que acontece na quinta-feira. No início da semana, o próprio Trump disse que os dois países devem sacramentar um acordo comercial em breve.
Em rápida conversa com jornalistas antes de embarcar no avião presidencial Força Aérea Um, rumo ao Japão, Trump fez elogios a Xi Jinping e demonstrou otimismo em relação ao avanço das negociações comerciais com Pequim.
“Tenho muito respeito pelo presidente Xi e acho que chegaremos a um acordo”, afirmou Trump sobre o encontro. “A reunião com a China está chegando e será muito interessante”, completou o presidente dos EUA.
Scott Bessent, por sua vez, confirmou que Washington e Pequim têm “uma estrutura muito bem-sucedida de acordo para os líderes discutirem na quinta-feira”.
Segundo Bessent, o possível entendimento entre os dois países adiaria os controles de exportação anunciados previamente pela China e evitaria novas tarifas de 100% sobre os produtos chineses, como chegou a ser anunciado pelos EUA.
No último domingo (26/10), o representante de Comércio Internacional da China, Li Chenggang, anunciou que Pequim e Washington teriam chegado a um entendimento “preliminar” após dias de conversas em Kuala Lumpur, na Malásia.
De acordo com informações da agência estatal de notícias Xinhua, o regime teria classificado as negociações com os norte-americanos como “construtivas”. “O próximo passo será que cada parte cumpra com seus respectivos procedimentos internos de aprovação”, afirmou o representante de comércio do governo da China.
Senado dos EUA derruba tarifas contra o Brasil
Em meio à expectativa do mercado pelo avanço das negociações entre Brasil e EUA após a reunião entre Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no último fim de semana, os investidores repercutem a decisão do Senado norte-americano de aprovar, na noite de terça-feira, um projeto de lei que revoga as tarifas impostas ao Brasil. A medida, que obteve 52 votos favoráveis e 48 contrários, ainda precisa passar pela Câmara dos Deputados antes de entrar em vigor.
O texto, apresentado pelo senador democrata Tim Kaine, da Virgínia, busca encerrar o estado de emergência nacional declarado por Trump em julho deste ano. O republicano havia adotado a medida como justificativa para impor tarifas de até 50% sobre as importações brasileiras.
Na ocasião, Trump alegou que as sanções eram uma resposta à “caça às bruxas” do governo brasileiro contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado em setembro a 27 anos e três meses de prisão por liderar uma tentativa de golpe de Estado.
Entre os republicanos, cinco senadores votaram a favor do projeto que derruba as ações de Trump: Mitch McConnell, Thom Tillis, Rand Paul, Lisa Murkowski e Susan Collins. A aprovação no Senado representa uma rara aliança entre democratas e parte da oposição.
Apesar da vitória no Senado, o futuro da proposta é incerto. A Câmara dos EUA, atualmente controlada pelos republicanos, adotou novas regras que permitem à liderança barrar a tramitação da proposta. Analistas políticos avaliam que a iniciativa dificilmente será aprovada na Casa.
De acordo com o senador Tim Kaine, a votação tem um caráter simbólico e busca pressionar o governo a reavaliar sua política tarifária. “Essas tarifas são destrutivas para a economia e para as relações comerciais com parceiros históricos dos EUA, como o Brasil”, afirmou o parlamentar.
