A nutricionista Cristiane Sanches São Marcos, de 56 anos, achou estranho quando sua inquilina decidiu deixar a casa na Rua Plácido de Castro, na Vila Invernada, na zona leste de São Paulo. Era 2022 e a então moradora disse que as obras de expansão da Linha 2-Verde do metrô tinham causado uma interferência indesejada.
Cerca de 20 dias depois da saída da inquilina, Cristiane foi até o local e tomou um susto ao ver que a casa era uma das oito interditadas na mesma rua por causa da obra do metrô. Foi o início de uma luta que parece estar longe do fim, com a produção de um dossiê de 800 páginas, contratação de advogado por conta própria, até o acionamento do Ministério Público de São Paulo (MPSP).
Obras de expansão da Linha 2-Verde do metrô
William Cardoso/Metrópoles
Imóvel danificado na região das obras de expansão da Linha 2-Verde do metrô
William Cardoso/Metrópoles
Imóvel danificado na região das obras de expansão da Linha 2-Verde do metrô
William Cardoso/Metrópoles
Obras de expansão da Linha 2-Verde do metrô
William Cardoso/Metrópoles
Obras de expansão da Linha 2-Verde do metrô
William Cardoso/Metrópoles
Obras de expansão da Linha 2-Verde do metrô
William Cardoso/Metrópoles
Imóvel danificado na região das obras de expansão da Linha 2-Verde do metrô
William Cardoso/Metrópoles
Imóvel danificado na região das obras de expansão da Linha 2-Verde do metrô
William Cardoso/Metrópoles
Imóvel danificado na região das obras de expansão da Linha 2-Verde do metrô
William Cardoso/Metrópoles
Obras de expansão da Linha 2-Verde do metrô
William Cardoso/Metrópoles
Obras de expansão da Linha 2-Verde do metrô
William Cardoso/Metrópoles
Obras de expansão da Linha 2-Verde do metrô
William Cardoso/Metrópoles
Estação Orfanato, nas obras de expansão da Linha 2-Verde do metrô
William Cardoso/Metrópoles
Obras de expansão da Linha 2-Verde do metrô
William Cardoso/Metrópoles
Cristiane relaciona uma série de transtornos causados pelas obras do metrô: diz que perdeu a fonte de renda decorrente do aluguel, que paga o IPTU mesmo com a casa interditada, que as tentativas de solucionar o problema por via judicial não surtiram efeito até o momento e que não há possibilidade de reforma do imóvel, por causa dos danos no solo.
Depressão
Mais do que isso, a nutricionista explica que foram provocados danos para além das estruturas da casa. “Desenvolvi um transtorno ansioso-depressivo por conta disso. É tamanha a covardia, a forma que eles agem”, diz. “Eles agem de uma forma opressiva em relação aos moradores”, afirma.
Em meio às tratativas, Cristiane diz que uma das propostas feitas pelos responsáveis pela obra seria o pagamento do metro quadrado construído, sendo que os proprietários ficariam com o terreno. O problema, diz a nutricionista, é que o solo ficou instável e não se sabe quando será possível construir algo novamente no local. “Se eu não posso construir, o que eu vou fazer com o terreno? ‘Ah, quando puder construir, a gente avisa’. Gente, não é assim. Eles têm que comprar e indenizar, para cada um viver a sua vida. E eles falaram que não”, diz.
A nutricionista diz que, em nenhum momento, é contra a obra do metrô em si. “Não é isso. Mas nós queremos ser respeitados. Ninguém pode chegar e destruir as casas das pessoas e ficar por isso mesmo”, afirma.
Cristiane lamenta que a ação individual em relação aos responsáveis pela obra ainda não tenha surtido efeito. “Será que o juiz não está vendo isso? Não tem justiça para me defender? Infelizmente, não tem. Não tem. Não vamos nem entrar no mérito de o porquê isso acontece, mas não tem”, afirma.
O que diz o Metrô
O Metrô afirma que oferece suporte aos moradores da região, como aluguel de moradias, hotéis, garagens, hospedagem de pets e coworking.
“As casas próximas às obras são monitoradas constantemente com vistorias técnicas e instrumentos especializados. Sobre os imóveis das ruas citadas, não há risco de desabamento e os reparos já começaram a ser feitos”, diz.
A companhia também esclareceu que está prestando todos os esclarecimentos ao MPSP e diz que a obra da Linha 2-Verde emprega 6 mil pessoas e beneficiará 400 mil usuários por dia.
“Nenhum imóvel impactado ficou ou ficará sem atendimento. Quando há danos, são feitos reparos ou pagos valores de indenização”, diz.