O empresário Rodrigo de Paula Morgado, preso na operação da Polícia Federal (PF) realizada nesta terça-feira (14/10) com o objetivo de desarticular um esquema milionário de lavagem de dinheiro vinculado ao tráfico internacional de drogas, é apontado como “possível operador logístico-financeiro” do esquema.
Segundo a investigação, o empresário funcionava como um “verdadeiro banco particular” de outros investigados, transacionando grandes valores nas contas pessoais e de empresas sob seu controle, realizando conversões em criptomoedas e promovendo repasses a terceiros, tudo de maneira ilegal.
Leia também
-
PF liga Buzeira a veleiro apreendido pelos EUA com toneladas de cocaína
-
Lamborghini e McLaren: veja a frota de luxo de Buzeira, preso pela PF
-
CEO do Jeep sorteado também é preso na operação que prendeu Buzeira
-
Buzeira: tia diz que armas apreendidas com influencer são “de mentira”
As autoridades apontam que Rodrigo enriqueceu mais de R$ 7,5 milhões entre os anos de 2022 e 2023 e movimentou mais de R$ 313 milhões entre os anos de 2019 e 2024, realizando transações com criptoativos que se aproximam da cifra de R$ 100 milhões. Em algumas ações financeiras, a movimentação bancária envolveu valores muitos superiores aos declarados.
Uma dessas movimentações foi um pagamento de quase R$ 20 milhões à empresa Buzeira Digital, cujo dono é o influenciador digital Bruno Alexssander Souza, conhecido como Buzeira — ele também foi preso.
“Chama atenção o fato de que Rodrigo de Paula Morgado tenha sido o responsável pela transferência de tão expressivo valor à empresa Buzeira Digital, e não o contrário, visto Rodrigo ser prestador de serviços à referida empresa”, aponta a investigação.
As autoridades apontam uma relação direta entre Rodrigo e uma embarcação chamada Veleiro Lobo IV, apreendida pela Marinha dos Estados Unidos da América, entre o arquipélago de Cabo Verde e Ilhas Canárias, por estar sendo usado para o transporte de mais de quatro toneladas de cocaína, fato que originou a Operação Narco Vela — que culminou na operação desta terça-feira (14/10), chamada de Narco Bet.
Em nota enviada ao Metrópoles, a defesa do empresário afirmou que não teve acesso à integra do processo ou aos elementos que embasaram a prisão, mas ressaltou que Morgado é inocente e “sempre atuou exclusivamente como contador, prestando serviços de natureza técnica e regular a diferentes clientes, dentro dos limites legais da profissão”.
Preso pela PF
Rodrigo Morgado foi preso pela Polícia Federal em uma ocasião anterior, durante uma operação contra o tráfico internacional de drogas, chamada Operação Narco Vela — que originou a Narco Bet, deflagrada nesta terça-feira (14/10).
Na época, Rodrigo era alvo de mandados de de busca e apreensão em diversos endereços em Santos, Bertioga e São Paulo. Morgado foi preso na capital paulista pelo porte ilegal de uma arma encontrada dentro do carro dele. Os policiais federais faziam as apreensões nos endereços, quando, dentro de um dos dois veículos de luxo apreendidos do investigado, encontraram o armamento.
Foram apreendidos dois carros de luxo em nome do empresário
Divulgação/ PF
Foram cumpridos mandados de busca e apreensão em três endereços de Rodrigo Morgado
Divulgação/ PF
Justiça determinou o bloqueio e apreensão de bens até o valor de R$ 1,32 bilhão
Divulgação/ PF
Arma encontrada em casa de suspeito
Divulgação/ PF
Operação Narco Vela cumpre mandados de busca e apreensão
Divulgação/ PF
Dinheiro apreendido em operação da PF
Divulgação/ PF
Polícia Federal cumpre mandados em SP, RJ, MA, PA e SC
Divulgação/ PF
Embarcação apreendida em Belém (PA)
Divulgação/ PF
Operação investiga envio de drogas para a Europa via marítima
Divulgação/ PF
Além da acusação de participação no tráfico internacional de drogas, Rodrigo Morgado é acusado de ameaça, calúnia, injúria e estelionato.
Operação Narco Bet
- Ao todo, 11 mandados de prisão e 19 de busca e apreensão foram cumpridos nos estados de Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais nesta terça-feira (14/10). Um dos mandados de prisão também ocorreu na Alemanha, com apoio da Polícia Criminal Federal do país.
- As investigações apontam que o grupo criminoso utilizava métodos avançados de dissimulação financeira, movimentando valores em criptomoedas, remessas internacionais e empresas de fachada para ocultar a origem dos lucros do tráfico.
- Parte dos recursos lavados teria sido canalizada para empresas do setor de apostas eletrônicas, as chamadas “bets”, com o objetivo de mascarar os ganhos provenientes do tráfico e inserir o dinheiro no sistema financeiro com aparência de legalidade.
- No total, foram bloqueados R$ 630 milhões em bens e valores. Empresas do ramo de apostas esportivas estão sendo investigadas por suspeita de participação no esquema criminoso.
- A Polícia Federal não divulgou o nome das empresas de apostas investigadas, mas afirmou que algumas delas são regularizadas e obtiveram licenças com dinheiro ilícito.