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    Entenda por que ex-ator da Globo pode plantar maconha sem ser preso

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    Durante anos, Mohammed Abdullah, conhecido pelo nome artístico Ricardo Petraglia, fez parte do elenco de grandes sucessos da televisão brasileira, como História de Amor e A Viagem. Hoje, aos 71 anos, o ex-ator vive uma realidade completamente diferente: trocou os estúdios de gravação por uma plantação de cannabis em Xerém, no Rio de Janeiro, e se tornou um dos rostos mais conhecidos na defesa da liberdade no uso da planta.

    O que antes era tabu, ele transformou em pauta pública. Nas redes sociais, Mohammed exibe o cultivo doméstico que mantém com autorização judicial e fala abertamente sobre a desigualdade no tratamento da maconha no país.

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    “As pessoas olham esse velhinho falando de maconha e pensam: vamos escutar o que ele está dizendo. E eu digo as coisas todas, que é uma hipocrisia, que no Brasil existe o apartheid da maconha. Grandes laboratórios podem vender essa planta, mas, se alguém na favela for vender, vai preso como traficante”, contou em entrevista ao Uol Splash.

    O habeas corpus que o autoriza a plantar foi concedido por motivos de saúde. Mohammed convive com Hepatite C, tem dores crônicas na coluna, como consequência de uma prótese coxofemoral, além de pressão alta e depressão. A cannabis, segundo ele, se tornou o tratamento mais eficaz para controlar os sintomas.

    “O óleo me tira disso tudo sem efeitos colaterais. Quer dizer, eu não paro de envelhecer, mas não tem efeito colateral”.

    Antes de recorrer à Justiça, ele tentou importar o medicamento por meio de autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, mas o preço (cerca de US$ 400 por frasco) tornou a alternativa inviável.

    3 imagensEle é conhecido como Ricardo PetragliaEle planta maconha para fins medicinaisFechar modal.1 de 3

    Mohammed Abdullah

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    Ele é conhecido como Ricardo Petraglia

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    Ele planta maconha para fins medicinais

    Reprodução/Instagram

    “Eu aleguei que sou um aposentado, não tenho esse dinheiro para gastar. Vou ter que plantar em casa para fazer meu próprio remédio”, contou.

    Mohammed sempre teve contato com a planta, mas a visão sobre o uso medicinal só mudou depois de visitar uma associação especializada: “Eu não tinha ideia dessa coisa da maconha medicinal. Eu era só um maconheiro. Eu vi crianças parando de ter convulsão porque tomaram óleo. Aí eu comecei a plantar e dava um terço das minhas plantas para a associação. Era uma rede clandestina”.

    Hoje, ele não pode vender nem doar o que produz, mas encontrou nas redes sociais uma ferramenta poderosa para amplificar a discussão. “Está sendo uma ferramenta para eu dizer o que eu preciso dizer, o que eu quero que as pessoas ouçam. Fora isso, eu não estou nem aí quanto seguidor tenho ou não. Eu quero mais é me expressar”.