A influenciadora Aline Bardy Dutra, a Esquerdogata, foi condenada pela Justiça de Ribeirão Preto a pagar R$ 50 mil em indenização por danos morais. O valor foi dividido para cada um dos dois policiais militares que ela ofendeu, publicamente, em vídeos no Instagram. Não cabem mais recursos à condenação desde o último dia 1º de outubro.
Além do valor, a decisão obrigou Aline a publicar um vídeo de retratação e pedido de desculpas aos policiais, no mesmo perfil onde fez as ofensas, e a apagar todas as postagens sobre o caso. A condenação foi pedida pelos PMs Nivaldo Clemente Júnior e Henrique Cândido da Silva Filho, que alegaram ter sido acusados falsamente de corrupção e milícia. O vídeo com as ofensas, publicado em maio do ano passado, segue no perfil da influenciadora, como apurado pela reportagem (assista abaixo).
“Quando a polícia exige algum tipo de benefício para fazer escolta de um lugar, isso pra mim tem um nome chamado milícia, e eu só fui denunciar isso”, diz a influnciadora, no vídeo que segue disponível em sua rede social.
Segundo o processo, obtido pelo Metrópoles, as falas circularam, na ocasião, para mais de 500 mil seguidores e ultrapassaram 700 mil visualizações, gerando uma onda de comentários ofensivos contra os policiais. O dono do restaurante mencionado por Aline confirmou que os militares sempre pagaram pelas refeições, contrariando o que ela alegou nas postagens.
A Justiça entendeu que a influenciadora agiu com dolo, ou seja, com intenção de causar dano. Para o Poder Judiciário, Aline “fez acusações graves, sem qualquer base ou prova, e buscou autopromoção com conteúdo difamatório”.
“Dano grave à honra”
“A requerida imputou falsamente aos autores crimes de corrupção e participação em milícia, o que causou dano grave à honra e à imagem dos policiais”, diz trecho da sentença, na qual foi estipulada indenização de R$ 25 mil para cada um dos policiais, “valor que atende aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade”.
O Tribunal de Justiça ainda determinou que a influenciadora publicasse vídeo de retratação e pedido de desculpas em seu perfil no Instagram, “no mesmo formato e alcance das postagens ofensivas, além de excluir imediatamente os conteúdos difamatórios”. A reportagem não localizou no perfil da influenciadora o conteúdo solicitado pela Justiça.



Influenciadora Esquerdogata tem mais de 800 mil seguidores

Aline Bardy Dutra é comunicadora, professora e militante política

“Esquerdogata”, como é conhecida, posta conteúdos sobre política

Influenciadora foi presa por suposto desacato contra PMs

Aline Bardy Dutra, a Esquerdogata, foi presa suspeita de desacatar PM em SP
Reprodução/Instagram
Aline Bardy Dutra, a Esquerdogata, foi presa suspeita de desacatar PM em SP
Reprodução/Instagram
Repercussão e críticas
Aline chegou a dizer, em um dos vídeos, que “a denúncia era um dever de cidadã”. No entanto, as provas colhidas pela defesa dos policiais mostraram que nenhuma irregularidade havia sido praticada e que os vídeos tinham “caráter político e provocador”.
Com grande número de seguidores e engajamento, as postagens resultaram em mais de 6 mil comentários e quase 500 compartilhamentos, segundo o processo. “Ela usou a rede social para humilhar os autores e colocar a sociedade contra a Polícia Militar”, afirmou a petição inicial.
A decisão, segundo o Poder Judiciário, serve de alerta para o uso responsável das redes sociais. “A liberdade de expressão não é salvo-conduto para destruir reputações. O exercício desse direito exige responsabilidade e respeito à dignidade alheia.”
A defesa de Aline Bardy foi procurada, nessa segunda-feira (27/10), e afirmou que não iria se manifestar sobre este caso. O espaço segue aberto.
Prisão após suposta injúria racial
Aline Bardy Dutra teria se aproximado de PMs do 51º Batalhão do Interior, que haviam acabado de concluir uma ação de fiscalização no cruzamento das ruas Florêncio de Abreu e Cerqueira César, quando teria afirmado “um preto querendo foder outro preto”, como consta em relatório da PM, obtido pelo Metrópoles.
Os PMs então começaram a gravar a influenciadora com seus celulares, que passou a ser indagada sobre a afirmação racista. Aline, então, afirmou que não havia cometido injúria, mas questionado como o policial abordava uma pessoa na mesma “condição de classe” que o militar.
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Com sinais de embriaguez, condição que a própria influenciadora afirmava estar, Aline Bardy foi presa, momento a partir do qual passou a ofender e desacatar os PMs, com frases preconceituosas sobre salário e cultura.
Em mais de um momento, ela afirmou aos policiais contar com um milhão de seguidores nas redes sociais. Ela ainda teria cometido preconceito linguístico ao afirmar que um dos policiais, em outra audiência na qual ambos participaram, não teria conjugado corretamente um verbo, durante o depoimento.
Aline Bardy negou o crime racial, por meio de sua defesa. O advogado Douglas Eduardo Marques afirmou ao Metrópoles, por telefone, que sua cliente “está abalada”, após passar a noite presa. Ela foi solta, ainda no sábado, em audiência de custódia, e terá de cumprir medidas cautelares “de praxe”, como não sair à noite, além de comprovar a cada seis meses estar se tratando psicologicamente.
Quem é a Esquerdogata
Comunicadora, professora e militante política, a influenciadora Aline Bardy Dutra somava mais de 800 mil seguidores nas redes sociais — até a pulicação desta reportagem — e, segundo ela própria, é referência em análises críticas, conteúdos sobre política e debates que unem informação e mobilização.
Em seu Instagram, ela publica vídeos e textos sobre diversos tópicos, como o tráfico de drogas ser uma questão de saúde pública, análises sobre o mercado financeiro e o “rombo nas contas públicas” .





