Um novo levantamento da Vantage Point Counseling Services revelou que os relacionamentos entre humanos e inteligências artificiais estão longe de ser algo raro. Segundo o estudo, 28% dos adultos norte-americanos afirmaram já ter vivido algum tipo de relação romântica ou até “íntima” com uma IA.
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O fenômeno reflete a maneira como os avanços tecnológicos vêm transformando não apenas o trabalho e a comunicação, mas também a forma como as pessoas buscam afeto e conexão. À medida que os chatbots se tornam mais sofisticados e empáticos, muitos usuários os consideram até melhores interlocutores do que outros seres humanos.
Além dos envolvimentos amorosos, mais da metade dos entrevistados (53%) disseram manter algum tipo de vínculo com uma IA — como amigo, confidente ou colega virtual. Entre as plataformas que mais despertam conexão emocional estão o ChatGPT, seguido por Character.ai, Alexa, Siri e Gemini.
O estudo também aponta diferenças geracionais. Adultos em relacionamentos estáveis mostraram maior propensão a buscar intimidade com IA, enquanto metade das pessoas com mais de 60 anos afirmou não considerar esse tipo de interação uma forma de traição. Já os mais jovens (18 a 29 anos) tendem a ver esses laços como uma violação de confiança.
“Traição não é apenas física; envolve sigilo e quebra de acordos”, explica Michael Salas, fundador da Vantage Point. “Para alguns, uma relação com IA é inofensiva. Para outros, ultrapassa limites. O essencial é discutir abertamente quais são esses limites.”
Salas destaca ainda que a curiosidade e o apelo da novidade impulsionam o interesse por essas experiências, até mesmo entre casais satisfeitos. “Muitas vezes, não é sinal de insatisfação, mas de exploração — algo que parece seguro e sem grandes riscos.”
Apesar disso, ele faz um alerta: a intimidade digital pode gerar dependência, evitar conflitos reais e criar expectativas irreais sobre os relacionamentos humanos. “Esses padrões podem dificultar a construção de conexões saudáveis no mundo real”, encerra.