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EUA: shutdown entra na 4ª semana e já é o 3º maior da história do país

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EUA: shutdown entra na 4ª semana e já é o 3º maior da história do país

O governo norte-americano sob a administração de Donald Trump entrou na quarta semana de shutdown, tornando-se a terceira paralisação mais longa da história dos Estados Unidos. O impasse entre republicanos e democratas sobre o financiamento de programas de saúde e gastos públicos paralisou boa parte da máquina federal, afetando diretamente 1,4 milhão de servidores e provocando prejuízos estimados em até US$ 2 bilhões por dia.

Ao menos 900 mil funcionários foram afastados sem salário, enquanto outros 700 mil continuam trabalhando sem remuneração.

O Escritório de Gestão e Orçamento (OMB) da Casa Branca confirmou que cerca de 7 mil pessoas já foram demitidas em agências como Agricultura e Comércio — medida temporariamente barrada por um juiz federal na semana passada, que classificou as dispensas como “motivadas politicamente”.

Linha do tempo da crise

Senado trava e impasse se agrava

Na noite dessa segunda-feira (20/10), o Senado, de maioria democrata, bloqueou pela 11ª vez o projeto de lei republicano para reabrir o governo. Foram 50 votos contrários e 43 favoráveis, mantendo o impasse legislativo.

O líder democrata na Câmara, Hakeem Jeffries, acusou Trump de “governar à distância” e de ter criado uma crise desnecessária. “Ele precisa sair da linha lateral, deixar o campo de golfe e realmente decidir sobre esta paralisação que ele criou”, afirmou o congressista.

Enquanto Trump tenta equilibrar sua política externa e o caos interno, cresce a pressão para o presidente abandonar a estratégia de confronto e negociar uma saída que reabra o governo antes que o prejuízo se torne irreversível.

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O que é o shutdown

Serviços parados e impacto crescente

A paralisação já atinge desde instituições de pesquisa, como o NIH (Instituto Nacional de Saúde), até programas de assistência alimentar que beneficiam milhões de famílias de baixa renda. O controle de tráfego aéreo e a Agência de Segurança nos Transportes (TSA) operam com equipes reduzidas, e funcionários do Senado deixaram de receber salários nessa segunda-feira.

Enquanto isso, os subsídios do Obamacare — principal ponto de discórdia entre democratas e republicanos — seguem suspensos. Os democratas exigem a renovação imediata, já os republicanos preferem negociar o tema após o reestabelecimento do governo.

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Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump

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O presidente dos EUA, Donald Trump, discursa com altos líderes militares na Base do Corpo de Fuzileiros Navais de Quantico

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“O shutdown atinge a vida real das pessoas”, diz analista

Ao Metrópoles, o jornalista e observador da Casa Branca, Fernando Hessel, ressaltou que o impacto econômico e social da paralisação ultrapassa o debate partidário.

“O prejuízo disso tudo está estimado em US$ 2 bilhões por dia, e o impacto no PIB já chega a menos 0,4% neste trimestre”, afirma. “Serviços essenciais continuam funcionando, como a segurança aérea e o Medicare, mas muita coisa parou”.

Segundo ele, os efeitos são desiguais e atingem com mais força trabalhadores negros, que representam quase 20% da força de trabalho federal, frente a uma média nacional de 12%.

“Para muitas famílias negras, o serviço público sempre foi sinônimo de estabilidade e segurança financeira. Agora, 30% dos atingidos pelo shutdown pertencem a essa comunidade”, explica Hessel. “Com os cortes, o resultado é menos renda, mais endividamento e mais vulnerabilidade.”

Recentemente, Donald Trump abriu uma nova frente de tensão com Pequim ao declarar que os Estados Unidos estão em uma “guerra comercial” com a China. O republicano já havia anunciado a imposição de tarifas de 100% sobre todos os produtos chineses a partir de novembro, medida que amplia o confronto econômico entre as duas maiores potências do mundo.

“Quando um shutdown começa a comprometer diretamente o PIB americano, acende-se um sinal vermelho. Essa instabilidade interna só fortalece quem está do lado de fora — como a China, que ganha espaço na corrida econômica global”, analisa Hessel.

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