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    EUA: Tesouro formaliza acordo de US$ 20 bilhões com Argentina. Entenda

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    O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos e o Banco Central da Argentina formalizaram nesta segunda-feira (20/10) um acordo de estabilização cambial de US$ 20 bilhões.

    A intervenção do governo norte-americano para comprar pesos argentinos já havia sido anunciada na semana passada pelo secretário do Tesouro, Scott Bessent. Agora os termos da parceria foram formalizados e comunicados oficialmente.

    De acordo com o BC da Argentina, o acordo com os EUA tem o objetivo de “contribuir para a estabilidade macroeconômica” do país sul-americano, de modo a “preservar a estabilidade de preços e promover um crescimento econômico sustentável”.

    Entenda

    Na semana passada, o Ministério das Relações Exteriores da Argentina já havia informado que o principal ponto da agenda entre os dois países neste momento seria a criação de uma “linha de swap” – mecanismo que permite a troca temporária de moedas entre bancos centrais para fornecer liquidez em dólares e estabilizar o câmbio.

    Um “swap de blue chips” é uma operação financeira internacional por meio da qual um investidor compra ativos locais em determinado mercado (no caso, o argentino) e os vende no exterior para obter moedas fortes, como o dólar, a uma taxa de câmbio mais vantajosa do que a oficial.

    O documento divulgado pela autoridade monetária argentina estabelece as bases para operações bilaterais de “swap” de moedas, o que permitirá ao BC do país “ampliar o conjunto de instrumentos de política monetária e cambial disponíveis”.

    Ainda segundo o comunicado divulgado pelo BC da Argentina e pelo Tesouro dos EUA, o acordo “faz parte de uma estratégia integral que reforça a política monetária da Argentina e fortalece a capacidade do Banco Central para responder a condições que possam derivar em episódios de volatilidade nos mercados cambial e de capitais”.

    No mês passado, o Tesouro da Argentina anunciou uma intervenção no mercado de câmbio do país para tentar conter a escalada do dólar frente ao peso. Foi a primeira intervenção cambial feita pelo Banco Central da Argentina desde o início do ano para conter a disparada do dólar frente ao peso.

    Também em setembro, o Banco Mundial anunciou um investimento de até US$ 4 bilhões na Argentina para os próximos meses. De acordo com a instituição financeira, o apoio se dará por meio de uma combinação entre financiamentos do setor público e investimentos do setor privado.

    Apoio de Trump e crise política

    Na semana passada, o presidente dos EUA, Donald Trump, recebeu o líder argentino Javier Milei em uma reunião na Casa Branca e deixou claro que não poupará esforços para estabilizar a economia argentina e fortalecer o atual governo, que enfrentará uma dura disputa nas eleições legislativas do país, marcadas para o próximo fim de semana.

    “Se ele [Milei] perder, não seremos generosos com a Argentina. Nossos acordos estão sujeitos a quem vencer a eleição. Porque, com um socialista, fazer investimentos é muito diferente”, disse Trump.

    Em setembro, nas eleições de Buenos Aires, a Força Nacional, coalizão peronista que faz oposição a Milei, venceu a disputa com cerca de 41%, ante 34% do partido La Libertad Avanza, do atual presidente.

    Além da questão econômica, o governo argentino vem sendo pressionado por escândalos políticos. A irmã do presidente, Karina Milei, que é secretária-geral da Presidência, está envolvida em denúncias de corrupção.