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    Euforia no mercado: Bolsa quebra novo recorde e dólar fica estável

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    O Ibovespa, o principal índice da Bolsa brasileira (B3), bateu um novo recorde de fechamento nesta quarta-feira (29/10), ao subir 0,82% e alcançar os 148.632,93 pontos. O dólar registrou leve queda de 0,03% frente ao real, cotado a R$ 5,35. Como a variação foi pequena, ela indicou estabilidade no câmbio.

    O grande vetor dos mercados de capitais e câmbio nesta quarta-feira foi a decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), de reduzir pela segunda vez seguida os juros do país em 0,25% ponto percentual. Com isso, a taxa foi levada ao intervalo entre 3,75% e 4,00%.

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    Com a notícia, cuja expectativa era unânime no mercado, as bolsas valorizaram ao redor do mundo e houve pressão de queda do dólar. Essa tendência, porém, foi contida no meio da tarde, depois de declarações do presidente do Fed, Jerome Powell. Em entrevista coletiva, ele frisou que um novo corte de juros na próxima reunião do Fomc, em dezembro, “está longe de ser garantido”. Isso apesar da forte expectativa do mercado de mais uma redução de 0,25 ponto percentual.

    Na análise de Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, Powell pontuou na entrevista que sua observação não se tratava de um comentário protocolar, mas refletia os desafios derivados do atual balanço de riscos. Houve ainda dissidências entre os votos dos 19 integrantes do Fomc. Stephen Miran, indicado ao posto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, votou por um corte maior. Jeffrey Schmid optou pela manutenção da taxa.

    Virada do mercado

    Igliori observa que os comentários de Powell, dissuadindo as expectativas de mais um corte dos juros em dezembro, foram recebidos de forma negativa pelo mercado e alguns indicadores viraram para o vermelho depois da entrevista. “Da mesma forma, a probabilidade de uma manutenção dos juros em dezembro implícitas nos contratos futuros aumentaram bastante”, afirma o analista.

    As principais bolsas de Nova York também acusaram o impacto das afirmações do presidente do  Fed. Pouco antes do fechamento, o S&P 500 operava em leve queda de 0,08%, muito próximo da estabilidade, e o Dow Jones recuava 0,21%. A exceção era o Nasdaq, que concentra ações de empresas de tecnologia, e subia 0,54%.

    Ibovespa

    No Brasil, embora o Ibovespa tenha perdido fôlego (durante o pregão ela atingiu a marca histórica de 149 mil pontos), o índice ainda manteve a força e sustentou a alta. Alison Correia, analista e co-fundador da Dom Investimentos, observa que a Bolsa vem numa sequência positiva desde a segunda quinzena de outubro. “As questões internacionais nessas últimas semanas foram se arrumando e temos uma boa expectativa da resolução das tarifas de Trump em relação ao Brasil”, diz. “Esse tom mais tranquilo faz os investidores tomarem mais risco.”

    Ele observa que o mercado global também está animado com o encontro entre Trump e o presidente da China, Xi Jinping, nesta quinta-feira (30/10), na Coreia do Sul. Além disso, os resultados das big techs, as gigantes do setor de tecnologia, estão surpreendendo positivamente, caso da Nvidia, que atingiu o valor de mercado de US$ 5 bilhões.

    Correção

    “No Brasil, temos uma tentativa de aprovação de plano orçamentário, mas parece que o mercado está deixando isso de lado momentaneamente”, afirma. “A grande dúvida é em que momento vem a correção das bolsas? A euforia é positiva, mas a correção vai ocorrer provavelmente no início do ano que vem, que é de eleições.”