O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, comentou nesta quinta-feira (30/10) a megaoperação policial no Rio de Janeiro que deixou, até o momento, 121 mortos. Fachin ressaltou que “todos os integrantes do STF acompanham com a devida atenção, com a plena solidariedade a familiares das vítimas” dos complexos da Penha e do Alemão.
Fachin disse ser necessário ter “discrição e sobriedade em momento de tragédias graves como essa”. Essas características, segundo o presidente do Supremo, permitem “dedicar ao momento a nossa atividade concreta e no lugar devido às melhores preocupações”.
Responsável pela chamada ADPF das Favelas, o ministro Alexandre de Moraes, em outra linha, vai até o Rio de Janeiro, pessoalmente, a fim de conduzir as audiências do governador fluminense, Cláudio Castro (PL), de policiais, procuradores e outros, sobre a megaoperação policial mais letal da história do Brasil. Castro deve explicar ponto a ponto a operação, conforme pedido pelo Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH).
Moraes marcou audiência para 3 de novembro. O ministro conduzirá a audiência de Castro do Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) da Polícia Militar, no Centro do Rio.
Veja a programação:
- governador do estado do Rio de Janeiro, com o secretário de Segurança Pública do estado, o comandante da Polícia Militar, o delegado-geral da Polícia Civil e o diretor da Superintendência-Geral de Polícia Técnico-Científica, às 11h;
- presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, às 13h30;
- procurador-geral de Justiça do estado do Rio de Janeiro, às 15h; e
- defensor público geral do estado do Rio de Janeiro às 16h30.
Pela decisão, o governador deverá apresentar as informações de maneira detalhada na audiência designada.
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A decisão de Moraes se dá no âmbito da chamada ADPF das Favelas, que tramita no STF. A ADPF das Favelas é a ação que monitora o problema da letalidade policial no Rio de Janeiro. A análise estava sob a relatoria de Luís Roberto Barroso desde setembro, quando Edson Fachin assumiu a presidência do STF.
Com a aposentadoria de Barroso e sem um novo ministro, a ação ficou sem relator. Com isso, ela foi deslocada para a responsabilidade do ministro Alexandre de Moraes, que atuará no caso até que o próximo ministro entre no lugar de Barroso.
Na manifestação apresentada pelo CNDH, é lembrada a homologação parcial do plano de redução da letalidade policial e determinado o respeito aos princípios de uso proporcional da força, bem como a instalação de equipamentos de gravação nas fardas e viaturas policiais.
O conselho ressalta que, mesmo diante da decisão, ocorreu a megaoperação, descrita como mais uma etapa da Operação Contenção nos complexos do Alemão e da Penha. Até o momento, o número oficial de mortes é 121. Além disso, 113 pessoas foram presas.
Assim, conforme pedido do CNDH, Moraes determinou que o governo do Rio preste as seguintes informações:
- relatório circunstanciado sobre a operação;
- prévia definição do grau de força adequado e justificativa formal para sua realização;
- número de agentes envolvidos, identificação das forças atuantes e armamentos utilizados;
- número oficial de mortos, feridos e pessoas detidas;
- adoção de medidas para garantir a responsabilização em caso de eventuais abusos e violações de direitos, incluindo a atuação dos órgãos periciais para realização de perícia e identificação de vestígios de crimes, uso de câmeras corporais e câmeras nas viaturas;
- providências adotadas para assistência às vítimas e suas famílias, incluindo a presença de ambulâncias;
- protocolo ou programa de medidas de não repetição na forma da legislação vigente; e
- a adoção, pelo STF, de medidas complementares e urgentes de monitoramento e fiscalização quanto ao cumprimento das determinações estabelecidas no acórdão da ADPF 635, em especial diante de mais um episódio de letalidade policial ocorrido no estado do Rio de Janeiro.



Cerca de 2.500 agentes das policias civil e militar participam nesta terca-feira (28) da “Operacao Contencaoî nos complexos da Penha e do Alemao, Zona Norte do Rio
GBERTO RAS/Agencia Enquadrar/Agencia O Globo
Megaoperação no Rio de Janeiro
Fabiano Rocha / Agência O Globo
Megaoperação no Rio de Janeiro
Fabiano Rocha / Agência O Globo
Megaoperação das polícias deixa vários policiais feridos e mortos. O Hospital Getúlio Vargas, na Penha, recebeu os feridos. Na foto: policial baleado chegando ao HGV
Gabriel de Paiva / Agência O Globo
Megaopoeração contra o CV, no Rio de Janeiro
Reprodução/Redes sociais




