O Dia Nacional da Saúde Bucal é celebrado neste sábado (25/10). A campanha foi criada para conscientizar a população brasileira sobre a importância dos cuidados com a saúde da boca, dentes e gengivas, e os impactos da falta de higiene oral para a saúde geral do organismo. Embora muitas pessoas associem à profilaxia apenas a estética, quando negligenciada, ela pode abrir caminho para doenças silenciosas, como a diabetes.
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Para entender melhor os riscos associados à falta de higiene, a coluna conversou com dois especialistas na área: o cirurgião-dentista Gustavo Delmondes e a especialista em ortodontia, ortopedia funcional dos maxilares, DTM, dor orofacial e odontologia do sono Lílian Carvalho.
Entenda a relação entre a higiene bucal e o desenvolvimento de diabetes
De acordo com o cirurgião-dentista Gustavo Delmondes, a boca funciona como uma porta de entrada para o corpo. “Quando a saúde bucal não está em dia, bactérias e inflamações podem se espalhar e comprometer outras partes do organismo”, explica.



A diabetes é uma doença que tem como principal característica o aumento dos níveis de açúcar no sangue. Grave e, durante boa parte do tempo, silenciosa, ela pode afetar vários órgãos do corpo, tais como: olhos, rins, nervos e coração, quando não tratada
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A diabetes surge devido ao aumento da glicose no sangue, que é chamado de hiperglicemia. Isso ocorre como consequência de defeitos na secreção ou na ação do hormônio insulina, que é produzido no pâncreas
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A função principal da insulina é promover a entrada de glicose nas células, de forma que elas aproveitem o açúcar para as atividades celulares. A falta da insulina ou um defeito na sua ação ocasiona o acúmulo de glicose no sangue, que em circulação no organismo vai danificando os outros órgãos do corpo
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Uma das principais causas da doença é a má alimentação. Dietas ruins baseadas em alimentos industrializados e açucarados, por exemplo, podem desencadear diabetes. Além disso, a falta de exercícios físicos também contribui para o mal
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A diabetes pode ser dividida em três principais tipos. A tipo 1, em que o pâncreas para de produzir insulina, é a tipagem menos comum e surge desde o nascimento. Os portadores do tipo 1 necessitam de injeções diárias de insulina para manter a glicose no sangue em valores normais
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Já a diabetes tipo 2 é considerada a mais comum da doença. Ocorre quando o paciente desenvolve resistência à insulina ou produz quantidade insuficiente do hormônio. O tratamento inclui atividades físicas regulares e controle da dieta
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A diabetes gestacional acomete grávidas que, em geral, apresentam histórico familiar da doença. A resistência à insulina ocorre especialmente a partir do segundo trimestre e pode causar complicações para o bebê, como má formação, prematuridade, problemas respiratórios, entre outros
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Além dessas, existem ainda outras formas de desenvolver a doença, apesar de raras. Algumas delas são: devido a doenças no pâncreas, defeito genético, por doenças endócrinas ou por uso de medicamento
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É comum também a utilização do termo pré-diabetes, que indica o aumento considerável de açúcar no sangue, mas não o suficiente para diagnosticar a doença
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Os sintomas da diabetes podem variar dependendo do tipo. No entanto, de forma geral, são: sede intensa, urina em excesso e coceira no corpo. Histórico familiar e obesidade são fatores de risco
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Alguns outros sinais também podem indicar a presença da doença, como saliências ósseas nos pés e insensibilidade na região, visão embaçada, presença frequente de micoses e infecções
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O diagnóstico é feito após exames de rotina, como o teste de glicemia em jejum, que mede a quantidade de glicose no sangue. Os valores de referência são: inferior a 99 mg/dL (normal), entre 100 a 125 mg/dL (pré-diabetes), acima de 126 mg/dL (Diabetes)
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Qualquer que seja o tipo da doença, o principal tratamento é controlar os níveis de glicose. Manter uma alimentação saudável e a prática regular de exercícios ajudam a manter o peso saudável e os índices glicêmicos e de colesterol sob controle
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Quando a diabetes não é tratada devidamente, os níveis de açúcar no sangue podem ficar elevados por muito tempo e causar sérios problemas ao paciente. Algumas das complicações geradas são surdez, neuropatia, doenças cardiovasculares, retinoplastia e até mesmo depressão
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O especialista destaca ainda que a relação entre a saúde bucal e o diabetes é de via dupla. “A gengivite e a periodontite — inflamações causadas pelo acúmulo de placa bacteriana — aumentam a resistência à insulina, dificultando o controle da glicose. Por outro lado, quem tem diabetes descompensado apresenta maior risco de infecções na gengiva”, afirma Gustavo Delmondes.
Gustavo explica que essa conexão tem uma base biológica clara. “Quando há uma infecção na boca, o corpo libera substâncias inflamatórias que entram na corrente sanguínea e podem afetar órgãos como o fígado e o pâncreas, interferindo no controle da glicemia”, alerta o expert.
Mais que um problema bucal
Além do diabetes, pesquisas indicam que infecções na boca estão associadas a doenças cardiovasculares, acidente vascular cerebral (AVC), pneumonia e até partos prematuros.
“As bactérias presentes na cavidade oral podem migrar para outras partes do corpo, especialmente quando há feridas ou sangramento gengival, gerando inflamações sistêmicas”, diz Delmondes.

Complementando a visão do colega de profissão, a dentista Lílian Carvalho acrescenta que sintomas simples podem ser sinais de alerta. “Sangramento gengival, mau hálito persistente, gengivas inchadas, dentes amolecidos e dor ao mastigar merecem atenção. Também é preocupante quando pequenas feridas demoram a cicatrizar — o que pode sinalizar um diabetes não controlado”, pontua.
Hábitos saudáveis
Para evitar que problemas bucais evoluam para doenças mais graves, Lilian reforça que a prevenção sempre será o melhor caminho. “Escovar os dentes ao menos três vezes por dia, usar fio dental e visitar o dentista regularmente são medidas básicas e extremamente eficazes”, reforça Lílian.

Ela também chama atenção para o papel da alimentação. “Uma dieta equilibrada, com pouco açúcar e alimentos ultraprocessados, é fundamental para preservar tanto a saúde bucal quanto a geral. E, claro, é preciso evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool, grandes inimigos da boca”, alerta a especialista.
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