Carros de luxo, entre eles Ferraris, BMWs, Porsches, Mercedes e uma Harley-Davidson, além de relógios de grife e imóveis de alto padrão foram apreendidos pela Polícia Federal (PF) durante uma megaoperação deflagrada nesta quinta-feira (16/10).
A ação mira integrantes de uma máfia ítalo-brasileira com fortes ligações com o Primeiro Comando da Capital (PCC) e a máfia italiana ‘Ndrangheta, considerada uma das mais poderosas do mundo.
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A ação faz parte da nova fase da Operação Mafiusi, que investiga lavagem de dinheiro e tráfico internacional de drogas em larga escala.
Foram cumpridos três mandados de prisão preventiva e 12 de busca e apreensão em Curitiba, Maringá, São Paulo, Santana de Parnaíba, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Ribeirão Pires, Peruíbe e Jardinópolis, sob autorização da 23ª Vara Federal de Curitiba.
As ordens judiciais também determinaram o bloqueio de R$ 13,8 milhões em bens, contas bancárias e aplicações financeiras, além do sequestro de imóveis e os veículos importados.
Segundo a PF, os principais alvos integravam o núcleo financeiro da organização criminosa, responsável por movimentar e lavar o dinheiro do tráfico internacional.
A estrutura contava com empresas de fachada, laranjas e fintechs, usadas para movimentar quantias milionárias por meio de transações de câmbio paralelo (“dólar-cabo”) e notas fiscais frias.
Time de futebol
De acordo com as investigações, parte do lucro do narcotráfico foi investida na compra de um time de futebol, por meio de um empresário com antecedentes criminais.
O clube, usado como fachada, recebia aportes milionários e patrocinadores ligados à organização. Essa vertente da apuração foi revelada após a análise do material apreendido na primeira fase da Operação Mafiusi, deflagrada em dezembro de 2024, que também resultou em prisões no Brasil, Itália e Espanha.
Conexão Brasil–Itália
A investigação internacional, coordenada entre o Ministério Público Federal, a Polícia Federal e o Ministério Público de Turim, identificou que o grupo usava navios cargueiros e aeronaves privadas para enviar cocaína da América do Sul à Europa.
A droga saía principalmente do porto de Paranaguá (PR), escondida em contêineres com cerâmica, madeira ou louça sanitária, e tinha como destino final o porto de Valência, na Espanha.
Outras remessas seguiam em aviões particulares para a Bélgica, onde os italianos garantiam a retirada da carga antes da fiscalização alfandegária. Entre 2018 e 2022, a organização movimentou mais de R$ 2 bilhões, segundo estimativas da PF.
Os criminosos utilizavam empresas de fachada, transferências fracionadas e contratos falsos de locação de máquinas e veículos para dar aparência de legalidade ao dinheiro sujo.
A Equipe Conjunta de Investigação (ECI), criada em 2019, foi essencial para desvendar as conexões diretas entre a máfia italiana e as facções brasileiras.
O trabalho teve o apoio da Europol, Eurojust, da Direção Nacional Antimáfia e da Embaixada da Itália no Brasil.
Três alvos foram presos preventivamente nesta quinta, e novas diligências serão realizadas nos próximos dias. Segundo a PF, o objetivo é descobrir o destino dos lucros obtidos com o tráfico e recuperar ativos ocultos em empresas e investimentos no exterior.