Procurando indícios de adulteração de bebidas alcoólicas com metanol, fiscais da Vigilância Sanitária de São Paulo encontraram outras infrações nos estabelecimentos averiguados, como falta de higiene e problemas no armazenamento de alimentos.
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (SES), dos 11 estabelecimentos interditados preventivamente pela vigilância sanitária, cinco apresentavam também irregularidades sanitárias, além da associação aos casos suspeitos notificados por intoxicação de metanol. A pasta não especificou quais são esses locais e quais infrações cometidas.
O governo destacou que as interdições cautelares servem para colher amostras de bebidas e verificar suspeitas de contaminação por metanol, o que só acontece posteriormente pela Polícia Científica. De acordo com o secretário da Segurança Pública (SSP), Guilherme Derrite, foram feitas 17 requisições de laudo, dos quais houve duas confirmações de distribuidoras.
Estabelecimento nos Jardins é interditado pelas autoridades sanitárias após caso de intoxicação de bebidas com metanol
William Cardoso/Metrópoles
Estabelecimento nos Jardins é interditado pelas autoridades sanitárias após caso de intoxicação de bebidas com metanol
William Cardoso/Metrópoles
Estabelecimento nos Jardins é interditado pelas autoridades sanitárias após caso de intoxicação de bebidas com metanol
William Cardoso/Metrópoles
Estabelecimento nos Jardins é interditado pelas autoridades sanitárias após caso de intoxicação de bebidas com metanol
William Cardoso/Metrópoles
Torres Bar, na Mocca
Google Maps/Reprodução
Villa Jardim, em São Bernardo do Campo
Google Maps/Reprodução
Bar Beco do Espeto, no Itaim Bibi
Enzo Marcus/Metrópoles
Veja quais os estabelecimentos interditados abaixo:
- Bebilar Distribuidora (Bela Vista, São Paulo).
- BBR Supermercado (Bela Vista, São Paulo).
- Beco do Espeto (Itaim Bibi, São Paulo – o bar foi desinterditado pela Justiça e pela vigilância municipal, mas bebidas destiladas permanecem interditadas)
- Bar e Restaurante Ministrão (Jardins, São Paulo).
- Torres Bar (Mooca, São Paulo).
- Adega Fim de Semana (M’Boi Mirim).
- Empório Santos (Cidade Dutra, São Paulo).
- Adega do Lelê (Osasco).
- Adega Los Hermanos (Osasco).
- Villa Jardim (São Bernardo do Campo).
- Brasil Excellance Comercial Distribuidora de Bebidas (Barueri).
Além disso, a Secretaria da Fazenda e Planejamento suspendeu preventivamente a inscrição estadual de seis distribuidoras e dois bares, totalizando oito estabelecimentos comerciais que não podem funcionar, pois não podem emitir nota fiscal. São eles:
- Bebilar Comercial e Distribuidora de Alimentos e Bebidas (4 inscrições).
- Brasil Excellance e Exportadora de Bebidas.
- BBR Supermercados.
- FEC Alves Mercearia e Adega.
- Lanchonete Ministrão.
Interrupção de fiscalização abriu brecha para adulterações no Brasil
O Metrópoles mostrou anteriormente que episódios recentes de adulteração de bebidas alcoólicas expõem a ausência de um sistema de rastreabilidade no país. O Sistema de Controle de Produção (Sicobe), que monitorava em tempo real a fabricação e registrava a origem de cada produto, foi desativado em 2016 pela Receita Federal. Deste então, não houve substituição ou modernização do mecanismo, que poderia auxiliar na identificação da origem de produtos adulterados.
À época do Sicobe, além das bebidas frias, parte das bebidas quentes era monitorada, por solicitação das próprias associações do setor. Fabricantes de cachaça e vinho, por exemplo, optaram pelo sistema em substituição aos selos de controle da Receita Federal, avaliando que o custo era semelhante, e a fiscalização, mais eficiente.
Com a interrupção do Sicobe, em 2016, pela Receita Federal, o estado passou a depender exclusivamente da autodeclaração das empresas de todos os tipos de bebidas, criando brecha para a fraude. Sem o controle em tempo real, uma fábrica pode produzir 1 milhão de litros de uma bebida, mas declarar apenas 600 mil litros, mantendo o excedente fora do controle oficial. Esse volume não registrado alimenta tanto a sonegação quanto a adulteração operada por organizações criminosas.
Leia também
-
Ao comentar crise do metanol, Tarcísio diz que é viciado em Coca-Cola
-
Metanol: governo divulga lista dos 22 presos em SP. Veja quem são
-
Metanol: veja quais os 11 estabelecimentos com interdições em SP
-
Metanol em bebidas: estado de SP chega a 192 casos em 26 municípios
SP é epicentro dos casos de intoxicação por metanol
- O estado de São Paulo é o que vive a pior situação em relação aos casos de intoxicação por metanol no Brasil.
- O território paulista já registra 192 casos, sendo 14 confirmados e 178 em investigação, em 27 cidades diferentes. Ao todo, sete óbitos são investigados e dois foram confirmados.
- Até o sábado (4/10), a Prefeitura de São Paulo confirmou duas mortes causadas por intoxicação por metanol na capital paulista.
- Uma vítima é um homem, de 46 anos, identificado como Marcos Antônio Jorge Junior, que faleceu na quinta-feira (2/10).
- Ele deu entrada no Hospital Municipal Dr. Carmino Caricchio, no Tatuapé, com sintomas de contaminação, no dia 29 de setembro.
- A pasta já havia confirmado uma primeira morte causada pela contaminação por metanol no dia 15 de setembro: o empresário Ricardo Lopes Mira. Ele apresentou sintomas no dia 9 do mesmo mês e foi atendido pela rede privada.
- Essas são as duas únicas mortes confirmadas no Brasil até o momento. A secretaria municipal lamentou as duas perdas.