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    Ford diz que venda de carros elétricos pode despencar no governo Trump

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    O CEO da Ford, Jim Farley, afirmou nessa terça-feira (30/9) que a indústria automotiva pode sofrer com uma queda significativa da venda de carros elétricos nos próximos meses, em meio aos efeitos de políticas impostas pelo governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao setor.

    De acordo com o executivo, as medidas tomadas por Trump podem impulsionar o mercado de carros à gasolina.

    “Não me surpreenderia se as vendas de veículos elétricos nos EUA caíssem fortemente”, disse Farley durante evento promovido pela Ford, uma das maiores montadoras do mundo, em Detroit.

    “O mercado dos elétricos, provavelmente, será muito menor do que pensávamos”, completou o CEO da Ford.

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    O tamanho da queda

    Ainda segundo Farley, o fim do desconto de US$ 7,5 mil para quem compra carros elétricos e a flexibilização das regras de emissão de poluentes devem diminuir a procura por esse tipo de veículo nos EUA.

    As estimativas do CEO da Ford apontam para uma redução da participação dos carros elétricos no mercado dos atuais 10% para 5%.

    A unidade de elétricos da Ford, a Model-e, registrou perdas de cerca de US$ 1,3 bilhão no segundo trimestre deste ano, de acordo com números divulgados pela própria companhia.

    No acumulado do ano, a Ford projeta perdas de até US$ 5,5 bilhões no segmento.

    No período entre abril e junho de 2025, as vendas de veículos elétricos da Ford recuaram 31%.

    Para Farley, uma alternativa diante da crise é a aposta na “eletrificação parcial”, com os carros híbridos.

    “Precisamos fabricar esses veículos parcialmente elétricos nas fábricas que teriam sido de elétricos. O que fazemos com todas essas plantas de baterias? Vamos ocupá-las, mas será mais estressante”, afirmou o CEO da Ford.

    Veículos elétricos

    A Ford é um dos gigantes do setor automotivo que vêm enfrentando dificuldades para se firmar no mercado de veículos eletrificados. Especialmente na Europa, as montadoras são alvos de regulamentações de dióxido de carbono, além da falta de investimento em infraestrutura de recarga e de incentivos para a compra de elétricos.

    A montadora dos EUA desembolsou cerca de US$ 2 bilhões (R$ 10,6 bilhões, pela cotação atual) em sua fábrica da cidade de Colônia (Alemanha), que se tornou uma instalação de produção de alta tecnologia para uma nova geração de veículos elétricos.

    A fábrica foi inaugurada em 2023. Na época, a Ford estimava que 35% dos emplacamentos de veículos novos na Europa seriam de elétricos, mas atualmente esse percentual não passa de 20%.

    “A Ford está continuamente avaliando seus volumes de produção e fazendo ajustes em sua programação de manufatura com base na demanda do mercado”, informou a montadora, em comunicado divulgado recentemente.

    Em meados de setembro, a Ford informou que deve cortar mais de mil empregos na Alemanha, em meio à fraca demanda por seus veículos elétricos na Europa e ao processo de reestruturação e corte de custos deflagrado pela companhia.

    No fim do ano passado, a Ford já havia antecipado um plano de redução de gastos, que incluía cerca de 4 mil demissões em toda a Europa até 2027.