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    Gêmea de serial killer conviveu com cadáver de vítima, diz polícia

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    A ex-cuidadora de idosos Roberta Cristina Veloso Fernandes, uma das “gêmeas do crime”, manteve postura evasiva e contraditória em interrogatório formal, segundo a Polícia Civil, apresentando versões opostas ao conjunto de provas referentes aos quatro homicídios em que estaria envolvida.

    O delegado Halisson Miguel Ideão Leite, responsável pela investigação, determinou o indiciamento de Roberta pela participação “consciente e voluntária” nos homicídios qualificados de Marcelo Hari Fonseca, Maria Aparecida Rodrigues, Neil Corrêa da Silva e Hayder Mhazres, todos praticados, segundo a polícia, em parceria com a irmã, Ana Paula Veloso Fernandes.

    15 imagensVítimas envenenadas por Ana Paula Veloso, a serial killer de GuarulhosRoberta Veloso, irmã da serial killer de Guarulhos Ana Paula Veloso, também foi indiciada por 4 mortesAna matou Neil por encomenda, no Rio de JaneiroCriminosa está presa desde setembroNa casa dela foi encontrado veneno Fechar modal.1 de 15

    Ana Paula Veloso, apontada pela polícia com a serial killer de Guarulhos

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    Vítimas envenenadas por Ana Paula Veloso, a serial killer de Guarulhos

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    Roberta Veloso, irmã da serial killer de Guarulhos Ana Paula Veloso, também foi indiciada por 4 mortes

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    Ana matou Neil por encomenda, no Rio de Janeiro

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    Criminosa está presa desde setembro

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    Na casa dela foi encontrado veneno

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    Ana Paula Veloso Fernandes, apontada pela polícia como a serial killer de Guarulhos

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    Ana Paula Veloso Fernandes, apontada pela polícia como a serial killer de Guarulhos

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    Michele Paiva da Silva, suspeita de ter contratado a serial killer de Guarulhos para matar o próprio pai no Rio de Janeiro

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    Uma da vítimas foi morta após encontro via app

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    Acusada está envolvida em ao menos quatro mortes por envenenamento

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    Ana Paula confessou ter matado colega de moradia à polícia

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    Ana Paula Veloso, apontada pela polícia com a serial killer de Guarulhos

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    Ana Paula Veloso, apontada pela polícia com a serial killer de Guarulhos

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    A análise pormenorizada dos depoimentos das gêmeas, feita pela Polícia Civil, mostrou que Roberta tentou sistematicamente se desvincular dos crimes, mesmo quando confrontada com provas técnicas e digitais. Ao longo da apuração, ficou evidente aos investigadores que a ré demonstrou “personalidade voltada à prática criminosa, marcada pela frieza, pelo oportunismo” e pela “tentativa constante de manipular a investigação”.

    O relatório policial concluiu que apesar da postura de Roberta, é nítida a participação direta e consciente dela nos quatro assassinatos investigados até o momento.

    “Conviveu com corpo em decomposição”

    Sobre o assassinato de Marcelo Hari Fonseca, a principal contradição de Roberta reside na tentativa de forjar um álibi. Ela “negou veementemente qualquer envolvimento nos fatos”, sustentando que teria retornado ao Rio de Janeiro antes do crime.

    Contudo, a narrativa é desmentida por uma prova objetiva: os comprovantes de passagens aéreas revelaram que Roberta só viajou quatro dias depois. A polícia concluiu que, em função disso, “fica comprovado que Roberta não apenas estava na residência nos dias subsequentes ao homicídio, como também conviveu com o corpo em decomposição”.

    Outra inconsistência apontada pela polícia diz respeito aos cachorros das irmãs. Roberta afirmou que Marcelo os conhecia, mas depois “declarou que havia ‘viajado para buscá-los’, sem saber precisar quando retornou com eles”.

    “Absolutamente inverossímil”

    A fala sobre a participação na morte de Maria Aparecida Rodrigues também é marcada pela tentativa de negação da ciência do crime. Em depoimento, ela sustentou desconhecimento total sobre a vítima e alegou que só soube da morte uma semana depois.

    O depoimento foi considerado “absolutamente inverossímil” pela polícia, porque Roberta confirmou ter recebido Maria Aparecida em casa, na tarde que antecedeu a morte da vítima. As duas teriam comido bolo e tomado café juntas.

    Além disso, Roberta colaborou ativamente, como mostram mensagens interceptadas pela polícia, na tentativa de incriminar terceiros, inclusive enviando o nome da filha da vítima para Ana Paula, numa conduta que, conforme relatório policial, “confirma sua colaboração direta na montagem do falso enredo”.

    “Feito o TCC”

    Sobre o homicídio de Neil Corrêa da Silva, o depoimento de Roberta também apresentou contradição.

    Ela negou qualquer participação na morte de Neil, mas admitiu que o termo TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), nas comunicações com a irmã, era um código. Contudo, ela tentou desqualificar a gravidade da sigla, atribuindo-a a um roubo.

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    As provas, no entanto, mostram que após o assassinato, Ana Paula afirmou ter “feito o TCC”, e Roberta confirmou o feito, assumindo o plural ao comentar sobre “o que fizemos”, reforçando a ação conjunta entre elas.

    A negativa de envolvimento também contrastou com o fato de que “Roberta cobrava insistentemente que Ana Paula lhe repassasse sua parte do dinheiro” recebido pelo crime, evidenciando vínculo econômico direto com a irmã.

    O pagamento pelo crime foi atribuído a Michele Paiva da Silva, filha de Neil, presa no dia 7 de outubro, no Rio de Janeiro, de onde foi transferida para a carceragem do 1º DP de Guarulhos. A defesa dela não foi encontrada e o espaço segue aberto para manifestações.

    “Brincadeira de mau gosto”

    No caso do tunisiano Hayder Mhazres, Roberta tentou minimizar a ideia de uma falsa gravidez, que teria sido alegada pela irmã Ana Paula.

    Indagada sobre o esquema, Roberta tentou desqualificar a gravidade da conduta, afirmando que se tratava de uma “brincadeira de mau gosto”.