Em busca de reorganizar a base do governo no Congresso, a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, deve iniciar na semana que vem a redistribuição de cargos vagos após o Planalto exonerar uma série de indicados políticos de deputados que votaram contra a Medida Provisória (MP) do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) na última quarta-feira (8/10).
O Metrópoles apurou que o governo deve continuar mapeando os cargos e fazendo cortes até o final desta semana.
Na segunda fase da reorganização, nos dias seguintes, Gleisi deve conversar com os líderes da Câmara para articular quem serão os deputados escolhidos para indicar novos nomes para as vagas.
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A intenção da ministra é cortar os parlamentares da oposição e acomodar e aproximar os que votam com o governo. Nisso, podem ser contemplados tanto partidos do Centrão que têm sido fiéis, quanto os de esquerda.
Segundo fontes do Planalto, a ideia da articuladora política não é retaliar ou punir deputados, mas reorganizar a base para fortalecer aliados visando as próximas votações importantes no Congresso e as eleições de 2026.
Como mostrou o Metrópoles, o governo Lula começou, na última sexta-feira (10/10), a demitir servidores ligados a parlamentares que votaram contra a MP do IOF.
O texto estabelecia medidas para aumentar a arrecadação do governo como alternativa ao aumento do imposto, mas foi retirado de pauta pelo plenário da Câmara, fazendo com que perdesse a validade. Se fosse aprovada, a MP poderia significar a entrada de R$ 17 bilhões a R$ 35 bilhões nos cofres do Executivo, valor que ajudaria o governo a atingir a meta fiscal sem cortar programas importantes.
A proposta era importante para fechar as contas do Planalto no ano que vem, e a derrubada acendeu um alerta para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo o líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), foi o próprio presidente que ordenou que Gleisi “mexa no vespeiro” do Centrão.
Dentre as exonerações, estão nomes ligados ao PP, do senador Ciro Nogueira, na Caixa Econômica Federal, e do PSD, de Gilberto Kassab, no Ministério da Agricultura. Governistas identificaram articulações dos dois caciques do Centrão para angariar votos contra a MP, assim como o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e o presidente do União Brasil, Antônio Rueda.