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    Governo investe R$ 2 bilhões para ofertar “remédio mais caro do mundo”

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    O governo federal investirá R$ 2,3 bilhões para adquirir e distribuir, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), 385 doses do medicamento Zolgensma — considerado um dos remédios mais caros do mundo. A medicação é destinada a bebês que necessitam tratar atrofia muscular espinhal (AME), doença neuromuscular progressiva que atinge crianças menores de dois anos.

    No contrato firmado entre o Ministério da Saúde e a Novartis Biociências S.A., fabricante da substância, cada dose foi orçada em R$ 6,2 milhões, valor abaixo do preço de mercado, que gira em torno de R$ 7 milhões.

    5 imagensMinistério da Saúde oferece um dos remédios mais caros do mundo pelo SUSJoão Guilherme tem AME tipo 1Gael Sousa tem apenas 10 meses de idadeZolgensma permite desenvolvimento motor da criança com AMEFechar modal.1 de 5

    O ministro da Saúde, Alexandre Padilha

    Reprodução/MS2 de 5

    Ministério da Saúde oferece um dos remédios mais caros do mundo pelo SUS

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    João Guilherme tem AME tipo 1

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    Gael Sousa tem apenas 10 meses de idade

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    Zolgensma permite desenvolvimento motor da criança com AME

    Igo Estrela/Metrópoles

    O acordo com a Novartis teve início no segundo semestre deste ano e se estende até 2030. O primeiro pagamento relacionado ao contrato foi realizado em julho, no valor de R$ 316,3 milhões.

    O Zolgensma é uma terapia gênica em dose única para tratar atrofia muscular espinhal. O tratamento oferecido pelo SUS é voltado à AME tipo I, para bebês com menos de seis meses de idade. O medicamento foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2020. As negociações com a Novartis se estenderam até 2025.

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    Em entrevista à coluna, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, informou que o governo efetuará os pagamentos mediante a melhora de cada criança. “É um mecanismo inovador, o chamado compartilhamento do risco. Estamos fazendo o pagamento à indústria que produz o medicamento de acordo com a evolução clínica dessas crianças. Isso é muito importante em casos de doenças raras”.

    “Ao fazer esse tipo de compartilhamento, o pagamento ocorre ao longo dos anos. O Brasil está entre os 5 países do mundo que oferecem esse medicamento no sistema público de saúde”, afirmou Padilha.

    Famílias contempladas

    Até o momento, 15 famílias foram contempladas com a medicação via SUS. De acordo com o ministro, a expectativa é atender 140 bebês nos dois primeiros anos do programa.

    “Seria impossível para essas famílias recorrer a esse tratamento se tivessem de arcar pessoalmente com os valores, pois cada unidade chega a custar até R$ 11 milhões. O Ministério da Saúde está melhorando a qualidade de vida e aliviando o sofrimento das famílias”, disse Padilha.

    “Cada estado tem um centro especializado que pode ministrar essa medicação. Isso é recomendado pelos médicos. Quando o médico faz o diagnóstico dessa doença rara, encaminha para o centro especializado, e o centro especializado indica que essa criança deve receber esse tipo de tratamento”, concluiu o ministro.