A juíza distrital dos EUA, Karin Immergut, bloqueou temporariamente a decisão do presidente Donald Trump de enviar 200 soldados da Guarda Nacional para Portland. Trump anunciou, na última segunda-feira (27/9), que enviaria as tropas à cidade, com “força total, se necessário” após manifestações contra ações do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla em inglês).
Na ocasião, o presidente afirmou que Portland estava “arrasada pela guerra” e declarou que as tropas devem atuar tanto na defesa da região quanto na proteção de instalações do ICE, que estariam sob ataque do movimento Antifa e de outros “terroristas domésticos”.
A decisão da juíza expira em 18 de outubro, mas pode ser prorrogada. “Este país tem uma longa e fundamental tradição de resistência aos excessos do governo, especialmente na forma de intrusão militar em assuntos civis”, escreveu Immergut na ordem.
Na cidade, os manifestantes se concentraram em frente à sede local do ICE e à Prefeitura, pedindo o fim das deportações e o respeito ao devido processo legal. Segundo autoridades locais, a maioria dos protestos foi pacífica, com relatos de algumas prisões, mas sem registro de violência generalizada.
A juíza Karin Immergut destacou que os atos não representavam uma ameaça significativa à segurança nacional, base para a liminar que bloqueou o envio de 200 soldados da Guarda Nacional anunciado pelo presidente Donald Trump.
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A governadora do Oregon, Tina Kotek, se manifestou em defesa da decisão. “A justiça foi feita e a verdade prevaleceu”, afirmou. “Não há insurreição em Portland. Nenhuma ameaça à segurança nacional. Nenhum incêndio, nenhuma bomba, nenhuma morte devido à agitação civil. A única ameaça que enfrentamos é à nossa democracia — e ela está sendo liderada pelo presidente Donald Trump”, disse a governadora em comunicado.
O prefeito de Portland, Keith Wilson, defendeu sua cidade no sábado após a decisão ser emitida. “Só quero que todos saibam: Portland é uma cidade pacífica. Essa narrativa foi fabricada”, disse ele
A Casa Branca, por sua vez, sugeriu que a ordem de restrição pode ser apelada. “O presidente Trump exerceu sua autoridade legal para proteger ativos e pessoal federal em Portland após tumultos violentos e ataques a policiais — esperamos ser inocentados por um tribunal superior”, disse a porta-voz Abigail Jackson.
Além de Portland, em 15 de setembro, o presidente assinou um memorando ordenando o envio da Guarda Nacional para Memphis, cidade no Tennessee com prefeito do partido Democrata. No mesmo dia, Trump disse que Chicago seria “provavelmente a próxima”.
Em junho deste ano, Trump ordenou o envio de 300 militares federais e agentes da Guarda Nacional para Los Angeles após protestos contra operações do ICE. A medida foi duramente criticada pela prefeita da cidade e por entidades de direitos civis, que acusaram o governo de usar força militar para reprimir manifestações pacíficas.
No mês seguinte, Trump autorizou o envio de tropas federais para patrulhar áreas próximas à Casa Branca e ao Capitólio após uma série de protestos contra cortes em programas sociais e ações do ICE em Whashington D.C.