O deputado federal Kim Kataguiri (União-SP) apresentou à CPMI do INSS no Congresso um requerimento de convocação da médica Thaisa Hoffmann Jonasson. Ela é casada com o servidor de carreira da AGU e ex-procurador-geral do INSS Virgílio Filho, investigado na Operação Sem Desconto.
Como mostrou a coluna, Thaisa Hoffmann comprou à vista um Porsche Cayenne híbrido de R$ 789 mil. A aquisição foi feita por meio de sua empresa, a THJ Consultoria.
Documentos judiciais mostram ainda que Thaisa reservou para compra um apartamento de R$ 28 milhões — trata-se de uma unidade do Senna Tower, prédio residencial em construção em Balneário Camboriú (SC), apresentado por seus incorporadores como “o maior prédio residencial do mundo”. A construção está prevista para ser concluída em 2033, e a torre terá 550 metros de altura.
Além da convocação de Thaisa, Kataguiri pediu também a quebra dos sigilos bancários dela e de sua empresa de consultoria, bem como a quebra de sigilo do ex-procurador do INSS Virgílio Filho.
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Apartamento na Senna Tower, onde ex-procurador do INSS reservou imóvel de R$ 28 milhões
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Senna Tower, em Balneário Camboriú (SC): mulher de ex-procurador do INSS reservou imóvel de R$ 28 milhões no local
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Senna Tower, em Balneário Camboriú (SC): mulher de ex-procurador do INSS reservou imóvel de R$ 28 milhões no local
Senna Tower / reprodução
No requerimento, Kim Kataguiri afirma que a CPMI “recebeu documentos sigilosos que evidenciam o enriquecimento acelerado e incompatível de pessoas ligadas ao núcleo jurídico e administrativo” do INSS.
“Entre os casos mais representativos está o da Sra. Thaisa Hoffmann, empresária e sócia da THJ Consultoria Ltda., esposa do ex-procurador-geral do INSS, Virgílio de Oliveira Filho”, escreve Kataguiri, que é um dos coordenadores do Movimento Brasil Livre (MBL).
Deputado suspeita de “blindagem patrimonial” de investigados na Farra do INSS
“As evidências sugerem que a empresa THJ Consultoria Ltda. foi utilizada como veículo de blindagem patrimonial e dissimulação de ativos. O padrão das operações — pagamentos à vista de bens de alto valor, ausência de lastro contratual e conexão com entidades já identificadas no fluxo de recursos desviados — configura, em tese, lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio”, diz o deputado no requerimento.
“A presença de Thaisa Hoffmann nesta CPMI é indispensável para a elucidação do braço financeiro e patrimonial do esquema, cujas ramificações envolvem servidores, ex-dirigentes do INSS e consultorias privadas que funcionaram como intermediárias na circulação dos valores desviados”, afirma ele.
Uma investigação da Controladoria-Geral da União (CGU) menciona um “acréscimo patrimonial” de Virgílio Filho da ordem de R$ 18 milhões durante o período da “Farra do INSS”.
De acordo com as investigações, Virgílio recebeu pelo menos R$ 11,9 milhões de empresas pertencentes a investigados na “Farra do INSS”, esquema de descontos ilegais em benefícios de aposentados revelado pelo Metrópoles.
Virgílio, servidor de carreira da Advocacia-Geral da União (AGU), exerceu o cargo de procurador-geral do INSS em dois períodos: de 16 de abril de 2020 a 1º de junho de 2022 e novamente de 29 de setembro de 2023 até ser afastado judicialmente em 23 de abril de 2025.