A final do STU National Street Finals 2025, em Brasília, coroou Maria Almeida, de 18 anos, como a nova campeã brasileira de Street, em uma disputa marcada por emoção, fé e superação física.
Ao lado dela no pódio, Carla Karolina, de Alagoas, ficou com a prata, e Gabi Mazetto, de São Paulo, completou o trio com o bronze. Três mulheres, três histórias diferentes, unidas pelo mesmo amor: o skate.
A final foi mais do que uma competição. Foi um retrato de como o skate feminino amadureceu no Brasil, com técnica, amizade e resistência emocional, mesmo diante das dores. As três finalistas chegaram à decisão entre risadas, abraços e lágrimas, mostrando que o verdadeiro pódio do skate é coletivo.
Maria Almeida vive o auge
Com lágrimas nos olhos e a voz embargada, Maria Almeida tentava digerir a dimensão do que havia acabado de acontecer.
Natural de Lauro de Freitas (BA), Maria começou a andar de skate depois de assistir Rayssa Leal nas Olimpíadas de Tóquio, em 2021. Desde então, virou uma das promessas mais sólidas do país, símbolo de uma geração que cresceu vendo meninas ocuparem o espaço que antes era dominado por homens.
“A ficha não caiu. Estava preocupada porque meu joelho tá bem dolorido, mas eu orei bastante e pedi pra Deus me ajudar a acertar minha linha. E Ele sabe o que faz. Graças a Deus deu tudo certo na primeira volta. A energia da galera me ajudou muito também.” disse.
Mas o que mais tocou o público foi sua fala sobre Duda Ribeiro, vice-líder do circuito, que não pôde competir na final por conta de uma lesão no braço:
“Quero agradecer à Duda Ribeiro, que mesmo machucada veio me apoiar. Ela foi até o hotel, conversou comigo, tentou me distrair, porque eu estava muito nervosa. E deu tudo certo. Um beijo pra ela e pra família dela, e melhoras!”
Com apenas 18 anos, Maria já soma títulos em Porto Seguro (2024), Criciúma (2025) e agora Brasília. Hoje, é referência para meninas que, como ela, descobriram no skate um caminho de liberdade e força.
Carla Karolina: técnica, fé e fair play
O segundo lugar ficou com Carla Karolina, 22 anos, natural de Maceió (AL) é uma das skatistas mais consistentes do país e exemplo de humildade e fair play.
Filha de um skatista, ela começou a andar aos sete anos e nunca mais parou. Já foi campeã brasileira, e hoje é uma das principais representantes do Nordeste na elite nacional.
“Eu estou muito feliz. O nível do skate feminino tá cada vez mais alto, então a gente tem que se puxar mais. Só queria entrar na pista, fazer o que treinei e que tudo desse certo. Agradeço a Deus e à galera do STU. Sempre sou muito bem recebida aqui, é uma família.”
Carla destacou o clima entre as meninas na final:
“A gente acaba torcendo uma pela outra. Se eu erro, sei que a outra pode acertar. Eu não entro pra torcer contra, mas pra fazer o meu melhor e torcer pra que todas acertem. Assim é muito mais bonito, todo mundo se puxando junto. É isso que eu acho da hora do skate.”
Gabi Mazetto: o retorno da mãe que virou inspiração
Fechando o pódio, Gabi Mazetto, 28 anos, viveu em Brasília o símbolo de um recomeço.
Cotada para representar o Brasil nas Olimpíadas de Tóquio, ela descobriu que estava grávida durante o ciclo olímpico e viu seu sonho ser adiado.
Três anos depois, realizou o sonho em Paris 2024, quando terminou em 11º lugar, sendo a única mãe da equipe brasileira.
Em setembro de 2024, uma nova barreira: uma lesão no cotovelo que exigiu cirurgia. Voltou às pistas apenas em março deste ano — e neste domingo (26/10), mostrou que está de volta ao ritmo que a consagrou.
“Primeiro, eu tenho que agradecer a Deus e às pessoas que estão em volta de mim. Agora estou sem lesão, e é muito bom estar andando de skate. Estou confiante, sentindo o skate mais no pé. Acreditei, fui pra cima e fiz o que pude. Não deu uma linha completa, mas fiquei feliz com o meu resultado. A cada ano que passa, venho conseguindo acrescentar mais manobras. Quero continuar evoluindo e mostrar para minha filha que vale a pena acreditar.”
O STU e o legado feminino
A final feminina do STU National Street Finals consolidou o skate como uma das modalidades mais inclusivas e potentes do país.
Hoje, com meninas liderando rankings, inspirando outras e transformando o imaginário do esporte, o skate feminino é mais do que performance, é cultura, empatia e força.
Maria, Carla e Gabi deixaram Brasília com medalhas, mas o verdadeiro prêmio foi outro: a certeza de que o skate feminino brasileiro não é mais promessa. É realidade — viva, veloz e em constante ascensão.
