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    Martinho da Vila transforma Estilo Brasil em memorável roda de samba

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    O público do Festival Estilo Brasil viveu, na noite dessa sexta-feira (31/10), um dos momentos mais marcantes da edição de 2025. Martinho da Vila subiu ao palco do Ulysses Centro de Convenções, em Brasília (DF), e fez do local uma verdadeira roda de samba.

    Aos 86 anos, o artista mostrou por que continua sendo o grande cronista da vida brasileira: entre versos, sorrisos e histórias, ele transformou o teatro em quintal — um quintal de alegria, poesia e resistência

    O show começou de forma intimista. Sozinho, Martinho saudou o público com o tradicional boa noite e logo arrancou aplausos ao lembrar do político que dá nome ao espaço: “É uma felicidade estar aqui neste teatro que tem o nome de um amigo meu, que foi um grande brasileiro: Ulysses Guimarães!”.

    Em seguida, convidou o público a conhecê-lo “um pouco mais” antes de cantar, à capela, a delicada “Depois Não Sei”, primeira canção da noite. A voz serena, sem acompanhamento, ecoou como uma oração.

    Enquanto os músicos entravam discretamente, Martinho pegou o pandeiro e emendou um medley que elevou o astral da plateia: “Quem é do Mar Não Enjoa”, “Saideira” e “Não Chora Meu Amor” deram o tom de festa.

    A cada batida, a alegria se espalhava pelo auditório. A sequência seguiu com “Jaguatirica” e “Voz do Coração”, dois sambas que misturam lirismo e leveza. “Num grande amor tem de tudo um bocadinho”, anunciou ele antes de entoar “Grande Amor”, arrancando risadas cúmplices da plateia.

    O público já estava entregue quando veio “Meu Laia-raiá” e o dueto arrebatador de “Parei na Sua” e “Trepa no Coqueiro”, todos em clima de pura descontração

    E, como quem conduz um desfile imaginário, puxou “No Embalo da Vila” e “Renascer das Cinzas”, celebrando a ligação eterna com a escola de samba Unidos de Vila Isabel, que o projetou.

    Em seguida, apresentou a banda com orgulho e deu espaço para um solo vibrante de percussão de Gabriel Policarpo e Bernardo Aguiar.

    Logo após, sentado, o sambista diminuiu o ritmo para cantar “Todos os Sentidos”, antes de fazer o público entoar junto em uníssono “Disritmia” e “Ex-Amor” — um dos pontos mais emocionantes da noite.

    Entre risadas, Martinho brincou: “Alô, diretor de harmonia!” — e então o show ganhou tons de carnaval. Vieram “Pra Tudo Se Acabar na quarta-feira” e “Sonho de um Sonho”, a canção inspirada em um poema de Carlos Drummond de Andrade.

    O ápice veio em “Devagar, Devagarinho”, quando o cantor chamou as filhas Maíra Freitas e Analimar Ventapane, que integram a banda, para dançar no palco. A cena, terna e espontânea, fez o público aplaudir de pé

    A reta final trouxe mais clássicos que sintetizam o Brasil de Martinho: “O Pequeno Burguês” e “Canta, Canta, Minha Gente” ecoaram como hinos.

    Mas, o público queria mais — e ele voltou. No bis, à capela e batendo palmas, entoou “Que Preta, Que Nega”, seguida de uma emocionante “Mulheres”, precedida por um discurso sobre a força feminina que move o samba e a vida. “São as mulheres que guiam a música brasileira.”

    O encerramento, com “Madalena do Jucu”, foi pura festa, com a plateia dançando, sorrindo e agradecendo por aquela comunhão de alegria.

    Foram mais de duas horas de show, em que o tempo pareceu se dissolver entre batuques e refrões, e o público saiu do Ulysses com a sensação de ter vivido um pedaço bonito da história da música brasileira.

    Martinho mostrou, mais uma vez, que o samba é eterno porque fala de todos nós

    O Festival Estilo Brasil segue com programação imperdível: Tim Bernardes se apresenta no dia 8 de novembro, e, o dia 21 de novembro, fica por conta de Os Paralamas do Sucesso com Dado Villa-Lobos. Os ingressos estão disponíveis no site da Bilheteria Digital.

    O Festival Estilo Brasil tem o oferecimento do Banco do Brasil Estilo, patrocínio dos cartões BB Visa, Banco do Brasil e Governo Federal. A realização é do Metrópoles, com produção da Oh! Artes.