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    Menina de 2 anos espera home care para deixar hospital há 3 meses

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    Após ser internada em um hospital do Distrito Federal, uma menina, de apenas 2 anos, com duas doenças genéticas, ficou sem o tratamento domiciliar, o home care, que era oferecido desde fevereiro pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

    A criança já precisou deixar o home care para ir ao hospital quatro vezes. Nas três primeiras, voltou para o tratamento domiciliar após a alta. Na última, em 28 de julho, não. Até a manhã de quinta-feira (9/10), Dulce seguia internada no Hospital da Criança José Alencar, em Brasília.

    Dulce Maria Leal dos Santos nasceu com mitocondriopatia e porfiria. As duas doenças comprometeram totalmente a saúde da menina. A menina atualmente é classificada como paciente em cuidados paliativos exclusivos.

    Em nota, a Secretaria de Saúde (SES-DF) informou que “estão sendo adotados todos os protocolos clínicos necessários para garantir sua segurança e saúde” (leia mais abaixo).

    Veja:

    4 imagensDulce tem duas doenças genéticas e está em cuidados paliativos A família deseja que ela viva o quanto ainda puder em casaOs irmãos todos os dias sentem saudades da irmãFechar modal.1 de 4

    Após internação em hospital, bebê com duas doenças raras em cuidados paliativos perde home care no DF

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    Dulce tem duas doenças genéticas e está em cuidados paliativos

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    A família deseja que ela viva o quanto ainda puder em casa

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    Os irmãos todos os dias sentem saudades da irmã

    Material cedido ao Metrópoles

    “A Dulce tem traqueostomia. Precisa de ventilação mecânica. E se alimenta pela barriguinha com gastrostomia. Ela depende do home care“, contou a mãe da bebê, a técnica de enfermagem, Graziely dos Santos Leal, 26.

    “Ela é uma criança que não tem muito tempo de vida e precisa estar em casa junto com a família, onde terá conforto e amor. Ela não tem muito tempo”, destacou, com a voz embargada pela dor.

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    A mitocondriopatia afeta os órgãos nobres, como coração, cérebro, músculos e olhos. Trata-se de uma grave doença genética progressiva. A porfiria é mais branda. Atinge o fígado e tende a se agravar na juventude da paciente.

    “Não teve aviso padrão. A gente foi pega de surpresa. Simplesmente, a Dulce voltou para fila de regulação, perdeu a vaga dela.”, afirmou Graziely.

    “Dulce está bem para voltar para casa. E a gente não sabe quanto tempo de vida ela tem. A gente precisa aproveitar o tempo que pudermos ter com ela. É injusto ela ficar no hospital”, desabafou Graziely.

    Três irmãos

    A família está disposta a viver cada segundo com a bebê, oferecendo qualidade de vida, conforto, tranquilidade e amor.

    “Dulce tem três irmãos com saudades. Eles choram por ela. Perguntam por ela. A gente precisa da Dulce em casa. Se ela está em condições de estar conosco, que venha. A gente se sente humilhado pelo Poder Público”, afirmou.

    Os irmãos de Dulce se chamam Isac Emanuel Leal dos Santos, 9, Aurora Maria Leal dos Santos, 7, e Isaías Miguel Leal dos Santos, 4.

    Diagnóstico

    A gestão de Dulce foi de alto risco. Após uma longa internação depois do nascimento, recebeu o diagnóstico no Hospital de Criança.

    “Foi uma trajetória muito exaustiva. Desde o nascimento, a vida de Dulce é marcada por intercorrências, internações, dor, perdas. Me sinto humilhada. Porque precisamos do serviço e não somo atendidas de maneira digna”, disse.

    Graziely passa quase todos os dias ao lado de Dulce no hospital. Enfraquecida pela rotina, começou a sentir o adoecimento do corpo e o desgaste emocional. A situação ainda aumentou os gastos com transporte e alimentação.

    Gêmeos

    O drama de Dulce é mais um caso envolvendo o tratamento de home care do SUS no DF. Ao longo de 2025, o Metrópoles noticiou diversas situações envolvendo o serviço.

    Um dos casos é protagonizado pelos os gêmeos Alan Araújo de Lima e Arthur Araújo de Lima, 14. Nascidos com uma doença rara degenerativa, os jovens pacientes precisam de cuidados domiciliares com fisioterapia.

    O Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT) garantiu o tratamento para Alan da rede pública de saúde do DF, mas ainda não julgou o pedido de Arthur.

    Outro lado

    Em nota, a Secretaria de Saúde (SES-DF) informou que “o pedido de desospitalização da paciente já foi realizado”.

    “No entanto, a transferência depende da completa estabilização do seu quadro clínico”, afirmou.