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    Menos sexo? Pesquisa revela o que os jovens querem em filmes e séries

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    Quando se fala em tendências comportamentais com recorte geracional, a geração Z – pessoas que nasceram entre a segunda metade da década de 1990 e 2010 –, também conhecida como centennials, chama atenção, principalmente, quando o assunto é sexo. Um estudo recente, por exemplo, apontou que esses jovens têm menos interesse em assistir cenas de sexo em filmes e séries.

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    O relatório Teens & Screens (Adolescentes e Telas) realizado pela Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, apontou que, apesar de acharem sexo e romance muito importantes em programas de TV e filmes, eles preferem ver cenas mais voltadas a amizades e relacionamentos platônicos.

    Quase metade dos entrevistados, (44,3%) considera que o romance é usado em excesso na mídia (44,3%) e que o sexo é desnecessário na trama de muitos programas de TV e filmes (47,5%). A maioria (51,5%) quer ver mais conteúdo focado em amizades e relacionamentos platônicos, com 39% buscando personagens mais arromânticos e/ou assexuais (ace/aro) nas telas.

    foto com cor. o verão que mudou a minha vida - metrópolesBelly e Jeremiah

    “Embora seja verdade que os adolescentes querem menos sexo na TV e nos filmes, o que a pesquisa realmente diz é que eles querem mais e diferentes tipos de relacionamentos refletidos nas mídias que assistem”, explica a estudiosa, Yalda T. Uhls ao jornal universitário.

    Yalda ainda acrescenta que: “Sabemos que os jovens estão sofrendo uma epidemia de solidão e buscam inspiração na arte que consomem. Embora alguns contadores de histórias usem sexo e romance como atalhos para a conexão entre os personagens, é importante que Hollywood reconheça que os adolescentes querem histórias que reflitam todo o espectro de relacionamentos.”

    Um menor interesse sexual dentre a geração Z já vem sendo apontado em estudos anteriores. Uma pesquisa do Instituto Karolinka, da Suécia, e do Departamento de Medicina da Universidade de Washington, nos EUA, chama o fenômeno de “apagão sexual”, e indicou que, em 2022, 20% dos homens e 15% das mulheres participantes afirmaram não terem feito sexo nos 12 meses anteriores.

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    Apagão sexual

    Com esses dados, é fácil se perguntar: o que pode levar os jovens da geração Z a darem tão menos importância para o sexo, seja na vida a dois ou na hora de escolher uma produção audiovisual para assistir?

    Em entrevista anterior, o terapeuta sexual André Almeida explicou que a sexualidade é um fenômeno com partes psicológicas, fisiológicas e sociais, é difícil definir um ponto único de influência para a diminuição do comportamento sexual de toda uma geração.

    “O mundo, o mercado de trabalho e a economia cada vez mais agressiva têm trazido um senso de urgência negativa e uma desesperança para a geração atual, o que contribui para uma ansiedade generalizada”, destaca.

    Além das gerações estarem menos interessadas em sexo nas telonas, os filmes estão oferecendo menos

    André também emenda que todo o processo que leva ao sexo está sendo reconfigurado. Com relação ao flerte, por exemplo, há outras formas de se chegar ao comportamento sexual, inclusive aplicativos específicos para isso.

    Menos cenas de sexo nos filmes

    Além das gerações estarem menos interessadas em sexo nas telonas, os filmes estão oferecendo menos. Uma pesquisa anterior da Playboy, descobriu que apenas um em cada 100 filmes lançados na década de 2010 mostrava pessoas fazendo sexo — menos do que em qualquer década desde 1960.

    Na mesma lógica, em 2019, o premiado cineasta espanhol Pedro Almodóvar comentou, ao jornal The New York Times, que faltava sexualidade nos filmes de super-heróis — que, à época, estavam no auge. “O ser humano tem tanta sexualidade! Tenho a sensação de que na Europa, na Espanha, tenho muito mais liberdade do que se trabalhasse aqui.”

    Filme: Rivais

    A professora Rose May Carneiro, do departamento de Audiovisual da Universidade de Brasília (UnB), aponta que, antigamente, as cenas de sexo tinham o ideal de vender a permissividade, a rebeldia e um amor idealizado, e que hoje em dia isso talvez não seja mais necessário.

    Rose May relaciona que a tendência de diminuição de cenas sexuais nos filmes pode ser reflexo de mudanças na sensibilidade do público. “O uso de tais cenas depende do contexto e da intenção. Quando feitas de forma gratuita, podem parecer desnecessárias; em outros casos, podem ser peças fundamentais para o desenvolvimento da história ou para gerar debates sobre temas complexos.”