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“Menu da amarração”: golpistas prometiam resultados em 8h

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“Menu da amarração”: golpistas prometiam resultados em 8h

A lista de trabalhos espirituais oferecidos pelo grupo criminoso especializado no “Golpe do Falso Pai de Santo” contava com rituais macabros envolvendo animais e até “mágica” para fazer com que os alvos dos feitiços pensassem em quem contratou a quadrilha por 24 horas ininterruptas.

A engrenagem ilícita, montada com base em vertentes religiosas, vitimou inúmeras pessoas e causou prejuízo de mais de R$ 180 mil a uma única mulher.

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Os serviços eram anunciados por meio das redes sociais. A cartilha de rituais ainda é exibida no perfil do mentor da quadrilha, identificado como “Pai Hugo de Oxalá” (foto em destaque). Ele costumava oferecer os trabalhos de magia aos mais de 55 mil seguidores.

Em um vídeo publicado em abril deste ano, o homem  se apresenta como o “Rei da Amarração”, afirma ter mais de 20 anos de experiência como pai de santo, no Brasil e no exterior, e oferece serviços de amarração amorosa e limpeza espiritual.

Uma das publicações vende um ritual batizado de “amarração dominadora de pensamentos”. “A pessoa ‘magiada’ irá pensar em você 24 horas, desejando estar ao seu lado e implorando pelo seu amor”, diz a propaganda.

Um outro anúncio oferece “destruição e afastamento de rival”. “Chegou o momento de você cortar e afastar da sua vida os problemas e pessoas que só te atrapalham.”

“Resultado em apenas oito horas”, esse era o principal lema de Hugo ao prometer “trazer o amor de volta”. “Amarração amorosa na alta magia, totalmente forte”, diz a publicação.

Em um dos casos investigados pela polícia, o pai e santo chegou a cobra R$ 1,5 mil da cliente, alegando que o dinheiro seria usado para comprar um bode preto, necessário para concluir um dos rituais.

Os valores cobrados por cada ritual não eram expostos nas redes sociais. No entanto, as investigações revelaram que, uma vez contratado, o grupo extorquia as vítimas, ameaçando, inclusive, expor informações confidenciais.

Rede estruturada

Segundo a delegada Luciane Bertoletti, as investigações indicaram que o grupo criminoso atua de forma organizada, utilizando perfis falsos em redes sociais para captar pessoas fragilizadas, geralmente em momentos de sofrimento emocional.

O diretor da 2ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana de Canoas, Cristiano de Castro Reschke, alertou sobre golpes cada vez mais sofisticados, praticados nas redes sociais, nos quais os criminosos se valem de recursos tecnológicos ou elementos de persuasão e convencimento cada vez mais eficazes, que colocam as vítimas numa relação de envolvimento emocional e dependência capazes de tirar o discernimento para resistir ao golpe.

“Quando sentem que a vítima vai deixar de contribuir, passam a ameaçar e extorquir começando uma segunda fase ainda mais danosa em termos psíquicos e financeiros.”

Durante a operação, 120 policiais civis cumpriram mandados de busca e apreensão e de prisão temporária nas cidades paulistas de São Paulo, Itapevi, Cotia e Jacareí.

Os investigadores também apreenderam um veículo, além de celulares e as contas bancárias dos investigados foram bloqueadas.

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