Goiânia – De acordo com a Polícia Civil de Goiás (PCGO), cerca de 50 militares da reserva foram beneficiados com isenção de Imposto de Renda a partir de laudos falsos de exposição ao césio-137. A investigação identificou que o grupo criminoso, composto por advogados, médico, engenheiro e militar, causou um prejuízo aos cofres públicos de cerca de 1,7 milhão.
A Operação Césio 171 é a segunda etapa da apuração e prendeu cinco pessoas de forma temporária na manhã desta quinta-feira (30/10). Além disso, sete mandados de busca e apreensão foram cumpridos na região metropolitana da capital goiana. O incidente com o césio-137 tornou-se o maior acidente radiológico do mundo, ocorrido na capital goiana em 1987.
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Agora, a polícia investiga a conduta de cada um dos militares beneficiados. Até o momento, não é possível afirmar se todos tinham conhecimento da fraude.
Segundo a Delegacia Estadual de Investigações Criminais (DEIC), os benefícios eram obtidos por meio do ingresso de ações na Justiça, solicitando isenção de Imposto de Renda para pessoas que teriam sido vítimas do acidente radiológico.
Como funcionava o golpe
- De acordo com o delegado Leonardo Dias Pires, o grupo atuava em diferentes frentes. O núcleo de captação era formado por uma advogada e um militar da reserva, responsável por atrair outros militares e coletar documentos sob o pretexto de propor ações de isenção do Imposto de Renda.
- O material era encaminhado ao núcleo de fraude, composto por um advogado e um médico, que adulteravam laudos e relatórios médicos
- Com os documentos falsificados, o núcleo jurídico passava a utilizar advogados “laranjas”, que emprestavam senhas e tokens para o ajuizamento das ações no Judiciário.
- O investigador destacou que o núcleo jurídico cobrava três parcelas do valor que o cliente deixaria de pagar em imposto de renda, além de cobrar pela coleta do material biológico.
- A Polícia Civil também apreendeu fios de cabelo e outros materiais biológicos que, supostamente, seriam enviados para um laboratório nos Estados Unidos. No entanto, segundo a corporação, o material nunca foi enviado.
Primeira fase da investigação
A primeira fase da investigação, a partir da Operação Fraude Radioativa, ocorreu em 26 de setembro de 2024, com três mandados de prisão e 11 mandados de busca e apreensão. Inicialmente, a polícia encontrou mais de 100 processos judiciais com o uso de documentos falsos.
Segundo a Polícia Civil, nesta primeira fase foram identificados três segmentos da associação criminosa: captação de clientes que trabalharam durante o período do acidente com o Césio-137; advogados responsáveis por ingressar com as ações judiciais e advogados que cederam suas senhas de acesso ao sistema judicial para que as ações fossem protocoladas.
De acordo com o delegado, a primeira fase da operação foi iniciada de maneira ágil para evitar um prejuízo maior ao cofre público, que poderia chegar a R$ 79 milhões. Já a segunda teve como objetivo “responsabilizar todos os indivíduos identificados como integrantes do grupo criminoso”.

