Documento obtido pela coluna revela que o pedido brasileiro que motivou a detenção de Eduardo Tagliaferro na Itália, nesta quarta-feira (1º/10), partiu de despacho assinado pelo ministro Alexandre de Moraes (STF).
Em janeiro de 2025, o magistrado solicitou a prisão preventiva do ex-assessor por supostos crimes de “divulgação de informações sigilosas, em violação dos deveres funcionais, além de indícios de participação em rede de ataques organizados a instituições republicanas” em sua função no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O documento cita que, em abril de 2022, Tagliaferro “admite ter passado informações ao redator do jornal Folha de S. Paulo, que, cerca de quatro meses depois, publicou artigos sobre o tema”.
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A Corte italiana registrou que os repasses ocorreram em “contexto de ataque à credibilidade do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral”.
Enquanto o processo de extradição tramita, a Justiça da Itália determinou medidas restritivas a Tagliaferro, incluindo a entrega do passaporte, a obrigação de se apresentar periodicamente à estação dos Carabinieri e de comunicar qualquer mudança de endereço.
O caso segue em análise pelo tribunal italiano, que decidirá se autoriza ou não a entrega de Tagliaferro ao Brasil.
Detenção na Itália
O advogado de Carla Zambelli, Fábio Pagnozzi, informou à coluna que “a polícia aqui na Itália disse que se trata de uma detenção para Tagliaferro prestar esclarecimentos sobre um processo no Brasil”. De acordo com ele, o ex-assessor de Moraes deve ser liberado após ser ouvido na delegacia para onde foi levado.
Em suas redes sociais, Pagnozzi, que está em Roma, disse ter sido procurado por Tagliaferro após a abordagem policial.
Tagliaferro foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pelo vazamento de mensagens trocadas entre servidores do gabinete de Moraes. Ele está há alguns meses na Itália. Em agosto, Moraes solicitou sua extradição, sob acusação de vazamento de dados sigilosos. O Ministério da Justiça informou que enviou pedido ao Itamaraty em 20 de agosto, para formalização junto ao governo italiano.