A confirmação, a partir de investigações da Polícia Civil de São Paulo, de que o metanol que contaminou bebidas e causou mortes teve origem em postos de combustíveis deixou claro outro problema: a adulteração de álcool e gasolina. Ao mesmo tempo, escancarou a atuação tímida da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que é a responsável direta pela fiscalização da qualidade dos combustíveis.
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Coube à polícia, sem qualquer flagrante ou detecção prévia por parte da ANP, identificar os postos de combustíveis suspeitos e os locais onde a adulteração ocorria — como um galpão no ABC Paulista alvo de operação na última semana.
Antes das mortes decorrentes da contaminação, a ANP considerava a utilização de metanol para fraudar combustíveis como um problema quase superado. No Boletim Anual de Fiscalização 2024, a agência afirma que “a forte ação da ANP permitiu que as fraudes com metanol fossem praticamente zeradas em 2024”.
O documento oficial afirma que “apenas oito amostras estiveram não conformes em todo o país para o teor de metanol no ano passado, ante 55 amostras encontradas em 2023”. No mesmo período, no entanto, a adulteração e o uso do metanol foram flagrados por diversas operações policiais. Entre elas, as operações Álcool Tóxico e Combustível Letal.
Em todas essas operações, sejam elas federais e estaduais, inclusive as que ocorrem após a confirmação das mortes, a ANP aparece apenas como órgão consultado ou convidado posteriormente.
De acordo com balanço divulgado pelo Ministério da Saúde nesta sexta-feira (24/10), já foram confirmadas 15 mortes em decorrência da intoxicação por metanol após o consumo de bebidas alcoólicas.
