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Namorado usou barco para esconder corpo de estudante trans, diz MPSP

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Namorado usou barco para esconder corpo de estudante trans, diz MPSP

O estudante Marcos Yuri Amorim, preso preventivamente sob suspeita de matar a namorada Carmen de Oliveira Alves, em 12 de junho deste ano, em Ilha Solteira, no interior de São Paulo, usou um barco para esconder o corpo da vítima, conforme denúncia do Ministério Público paulista (MPSP) oferecida à Justiça na última segunda (20/10).

Segundo a promotoria, Yuri teve ajuda do amante, o policial militar da reserva Roberto Carlos Oliveira, para matar Carmen e ocultar o corpo em seguida. Um vizinho de Yuri, identificado como Pedro Henrique Messa, teria ajudado o rapaz a usar um barco para se livrar dos restos mortais.

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Sem respostas por quase 29 dias, amigos e familiares de Carmen iniciaram movimentos de buscas nas redes sociais

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A jovem desapareceu após fazer uma prova do curso de zootecnia, no dia 12 de junho, quando foi vista pela última vez, na saída do Campus Ilha Solteira da Unesp

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Carmen de Oliveira Alves, estudante assassinada

Arquivo Pessoal

Relembre o caso

Vizinho fez compras em loja de pesca horas após o crime

Segundo a denúncia, Carmen foi morta na manhã daquele mesmo dia 12 de junho, no Dia dos Namorados, minutos após encontrar Yuri no sítio dele. Os dois haviam apresentado um trabalho na faculdade, poucas horas antes, e passaram a noite anterior juntos.

Mais tarde, Yuri foi até o sítio de Paulo Henrique – o que ficou provado, pois os dois utilizaram a mesma rede Wi-Fi disponível para acesso no imóvel. Minutos antes, Paulo havia feito compras em uma loja chamada Ardel Náutica e Pesca.

Eles ficaram poucos minutos no sítio de Paulo e, depois, seguiram de barco para o endereço de Yuri – ambos os imóveis ficam às margens do Rio São José.

“Ao chegarem no sítio de Marcos Yuri, Paulo e Marcos Yuri colocaram no barco o corpo de Carmen, o instrumento utilizado no crime e a bicicleta elétrica da vítima e seguiram a local incerto para ocultá-lo. Até o momento da presente denúncia, não se sabe o local onde os denunciados ocultaram o corpo da vítima”, diz outro trecho da denúncia.

A investigação mostrou que Paulo e Yuri estiveram juntos entre 14h38 e 14h53 e entre 15h18 e 18h34 daquele 12 de junho, “concluindo a execução da ocultação do corpo de Carmen e do instrumento utilizado no dia dos fatos”.

Naquela noite, Roberto retornou ao sítio de Yuri, onde juntos ocultaram provas digitais, retirando o cartão de memória da câmara de segurança do sítio e substituindo o roteador da internet, sendo que ambos funcionavam até aquela data.

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Namorado já havia ameaçado jogar corpo de estudante em rio

As pressões que Carmen fazia para que Yuri assumisse o relacionamento causavam brigas entre o casal, conforme denúncia do MPSP. Nas discussões, ele a ameaçava de morte, conforme mostram mensagens enviadas pela estudante a uma amiga. Em uma dessas ameaças, ele cita que jogaria o corpo dela no rio.

“Amiga, eu quero falar uma coisa muito séria com você. Se acontecer alguma coisa comigo, saiba que foi o Yuri, tá? Só isso”, disse Carmen em 9 de março deste ano, três meses antes de desaparecer.

Em outra mensagem, a estudante diz que precisava avisar pelo menos uma pessoa, “porque depois morre e ainda fica impune um viado velho desse”.  “Tivemos uma briga bem séria, e ele me ameaçou de morte! Eu não duvido nada do Yuri”, disse em outro momento.

Em 22 de março, Carmen viu Yuri com outra mulher em uma sorveteria da cidade, o que causaria uma nova briga, e novas ameaças. “Se eu sumir, se acontecer alguma coisa comigo, sabe que foi esse fodido e coloca ele na cadeia, pelo amor de Deus”, pediu à amiga.

A estudante ainda acrescentou: “Acho que ele pode fazer isso, tá? Ele tem arma, tem as coisas, falou que vai me matar e me jogar no rio, que ninguém vai nem achar, entendeu?”.

Ocultação de provas

Além da limpeza de vestígios feita na data do crime, os suspeitos se dedicaram a ocultar provas do ocorrido nos dias seguintes ao homicídio. Em 14 de junho, o vizinho Paulo instruiu Yuri, por meio de uma terceira pessoa, a apagar conversas no celular.

“O Paulinho me ligou aqui, falando que não tá na cidade, tá lá em Americana, vazou pra lá, tá lá e só falou o seguinte, pro Yuri apagar todo esse tipo de conversa no celular dele ou para ele pegar o celular dele e jogar fora”, diz transcrição presente na denúncia.

Segundo a promotoria, o interlocutor se referia a mensagens em que Yuri afirmava para pessoas de seu círculo íntimo que pretendia matar Carmen.

“Falei, mano, pega o seu celular e quebra seu celular, joga fora, não deixa nada no seu celular, nada, nada, nada, nada como prova, entendeu? E eu falei mano, apaga todos os tipos de conversa minha, com a sua mãe, com a Lara, com todo mundo que você falou que você ia matar essa Carmem, você apaga, pelo amor de Deus, não deixa nada no seu celular”, diz outro trecho.

No dia seguinte, Yuri foi a um encontro de motos que ocorria em Ilha Solteira, orientado por Roberto para criar um álibi, e formatou seu celular. Em seguida, destruiu completamente o objeto.

Roberto, por sua vez, excluiu os registros de chamadas e conversas do WhatsApp anteriores ao dia 16 de junho, incluindo o contato de Paulo.

MPSP denuncia três suspeitos

Para a promotora Laís Deguti, é evidente que Yuri e Roberto praticaram feminicídio contra Carmen, também com finalidade de garantir impunidade por crime anterior. Os dois, juntamente de Paulo Henrique, ocultaram o corpo da vítima, além de terem alterado a cena do crime e destruído provas.

Com isso, a promotoria denunciou Yuri e Roberto por feminicídio com a qualificadora de ter cometido o crime para assegurar a execução, impunidade ou vantagem de outro crime. Eles também foram denunciados por ocultação de cadáver e fraude processual.

Paulo Henrique foi denunciado por ocultação de cadáver e fraude processual. Deguti destacou que ele fugiu para Americana após o cometimento do crime, e pediu pela prisão preventiva do suspeito. O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) ainda deve analisar os pedidos.

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