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    Ninho do Urubu: mãe de vítima fala em “revolta” por absolvição de réus

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    Familiares de vítimas do incêndio no Ninho do Urubu se sentem desamparados após a Justiça absolver todos os sete acusados do caso. O incêndio, que atingiu o centro de treinamento do Flamengo, em 2019 no Rio de Janeiro, resultou na morte de 10 atletas das categorias de base do clube, com idades entre 14 e 16 anos.

    Mãe do meia Rykelmo de Souza Viana, a paulista Rosana de Souza se diz indignada. Natural de Limeira, no interior de São Paulo, ela deposita as esperanças em um possível recurso do Ministério Público (MPRJ).

    “Estou sem palavras para expor o meu sentimento. Não consigo soltar a dor, a revolta com o que a Justiça fez”, lamenta Rosana. “É uma insensibilidade conosco. A justiça, além de lenta, ainda é injusta.”

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    Proferida nessa terça-feira (21/10), a sentença do juiz Tiago Fernandes de Barros, da 36ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, julgou a quantidade de provas “insuficiente”.

    Os inocentados são Antonio Marcio Mongelli Garotti e Marcelo Maia, que ocupavam cargos com ingerência na administração no CT; Claudia Pereira Rodrigues, Danilo da Silva Duarte, Fabio Hilario da Silva e Weslley Gimenes, responsáveis pelos contêineres destinados ao alojamento dos adolescentes; e Edson Colman da Silva, contratado para realizar a manutenção dos aparelhos de ar-condicionado.

    3 imagensRykelmo de Souza Viana morreu aos 16 anosO atleta jogava como meiaFechar modal.1 de 3

    O incêndio resultou na morte de 10 atletas que integravam as categorias de base do Flamengo, com idades entre 14 e 16 anos

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    Rykelmo de Souza Viana morreu aos 16 anos

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    O atleta jogava como meia

    Material cedido ao Metrópoles

    “Injustiça”

    Em meio aos cuidados com a própria mãe hospitalizada, nesta semana, Rosana se deparou com a decisão que absolveu os réus pelo incêndio que matou seu filho, há seis anos. “É doloroso toda vez que tocamos nesse assunto, porque a gente volta lá no 8 de fevereiro”, destaca a mãe de Rykelmo.

    “É uma injustiça que fizeram com os garotos. Não há nenhum culpado? Será que os culpados somos nós de deixar nossos filhos lá [no Ninho do Urubu]? O Rykelmo honrava aquela camisa. Ele dava a vida, dava o sangue por aquela camisa daquele clube [Flamengo]. E o clube fazer isso com esses meninos, com esses adolescentes… menospreza, não dá um sequer valor no acontecimento”, avalia Rosana.

    Incêndio no Ninho do Urubu

    • O incêndio ocorreu na madrugada de 8 de fevereiro de 2019, em um alojamento improvisado dentro do Ninho do Urubu, em Vargem Grande, na zona oeste da capital fluminense.
    • Os atletas adolescentes dormiam em contêineres adaptados, instalados em uma área sem alvará da prefeitura para funcionar como dormitório no CT do Flamengo.
    • Segundo peritos, o fogo começou em um aparelho de ar-condicionado e se alastrou rapidamente devido ao revestimento dos contêineres.