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    Novas diretrizes mudam manobras de desengasgo em crianças e adultos

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    A American Heart Association (AHA) atualizou neste mês as diretrizes globais de primeiros socorros e reanimação cardiopulmonar, com novas orientações sobre o desengasgo de bebês, crianças e adultos. O objetivo é aumentar a eficácia das manobras e reduzir o risco de lesões durante o atendimento.

    De acordo com a entidade, a principal mudança está na forma de alternar as etapas de socorro. Em casos de engasgo em crianças com mais de 1 ano e em adultos ainda conscientes, deve-se intercalar cinco pancadas nas costas com cinco compressões abdominais, conhecidas como manobra de Heimlich. Antes, o protocolo indicava iniciar o atendimento diretamente pelas compressões.

    As novas recomendações foram publicadas na revista científica Circulation e substituem as de 2020, que até então guiavam os cursos de primeiros socorros no mundo todo. Segundo o médico Ashish Panchal, coordenador do comitê de emergência cardiovascular da AHA, a atualização reflete resultados de décadas de estudos e testes clínicos que demonstraram maior eficiência ao combinar os dois tipos de manobra.

    “Essas evidências mostram que as pancadas nas costas ajudam a deslocar o objeto antes mesmo das compressões abdominais, o que aumenta as chances de sucesso do socorro”, explicou Panchal, em comunicado da associação.

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    Novas orientações para bebês

    Para as crianças menores de 1 ano, as recomendações também mudaram. Agora, o procedimento deve alternar cinco pancadas firmes nas costas com cinco compressões no peito, feitas com a base da palma da mão, até que o objeto seja expulso ou o bebê perca a consciência. A compressão abdominal, comum na manobra de Heimlich, continua proibida nessa faixa etária, pois pode causar lesões nos órgãos internos.

    A AHA reforça que é importante confirmar se o bebê realmente está engasgado antes de iniciar as manobras. Sinais de alerta incluem ausência de choro ou tosse, dificuldade para respirar, mudança na coloração da pele e corpo mais mole.

    Crianças maiores e adultos

    No caso de crianças acima de 1 ano e adultos, o primeiro passo é dar cinco pancadas firmes nas costas, na região entre as escápulas. Se o objeto não for expulso, o socorrista deve realizar cinco compressões abdominais. Os movimentos devem ser firmes e direcionados para dentro e para cima, com o punho posicionado acima do umbigo e abaixo do osso do peito.

    As manobras devem continuar sendo alternadas até que o corpo estranho seja expelido ou até que a vítima perca a consciência. Em caso de desmaio, deve-se iniciar imediatamente a reanimação cardiopulmonar, com compressões rápidas no centro do peito no ritmo de 100 a 120 por minuto, enquanto o serviço de emergência é acionado.

    Passo a passo para desengasgar um bebê (até 1 ano)

    1. Verifique se o bebê não respira, não tosse e muda de cor;
    2. Ligue para o SAMU (192);
    3. Apoie-o de bruços no antebraço, com a cabeça mais baixa;
    4. Dê 5 pancadas firmes nas costas com a base da palma da mão;
    5. Vire o bebê e faça cinco compressões no peito com a base da mão;
    6. Repita até o objeto sair ou até o bebê perder a consciência;
    7. Se desmaiar, inicie RCP (30 compressões e duas ventilações).

    Para crianças maiores e adultos

    1. Verifique se a pessoa não respira nem fala;
    2. Dê cinco pancadas nas costas;
    3. Se não resolver, faça cinco compressões abdominais (manobra de Heimlich);
    4. Alterne as duas até o objeto sair ou a pessoa perder a consciência;
    5. Se desmaiar, deite a pessoa e inicie RCP até o socorro chegar.

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    Manobra para desengasgo em bebês

    American Heart Association2 de 2

    Manobra de desengasgo

    Reprodução/American Heart Association

    Por que as diretrizes mudaram?

    Segundo a AHA, quase 40% das paradas cardíacas infantis fora do hospital nos Estados Unidos estão ligadas a emergências respiratórias ou asfixia. As novas orientações buscam simplificar o aprendizado, aumentar as chances de resposta eficaz e reduzir o tempo de início das manobras, fatores decisivos para a sobrevivência da vítima.

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