Portal Estado do Acre Notícias

Novo shutdown leva Trump a reviver impasses do primeiro mandato

novo-shutdown-leva-trump-a-reviver-impasses-do-primeiro-mandato

Novo shutdown leva Trump a reviver impasses do primeiro mandato

O novo shutdown que atinge os Estados Unidos desde quarta-feira (1º/10) escancara fragilidades políticas do novo mandato de Donald Trump, reacendendo memórias da paralisação de 2018. À época, o republicano travou o funcionamento do Estado ao insistir em verbas para o muro na fronteira com o México — promessa de campanha que virou símbolo de sua política migratória. Agora, em seu segundo mandato, ele repete o “modus operandi”, em um cenário diplomático delicado.

Esta é a 15ª paralisação desde 1981 e a segunda sob o comando de Trump. O bloqueio orçamentário já deixou 750 mil servidores públicos sem remuneração e paralisou serviços não essenciais em todo o país. Parques nacionais foram fechados, atrasos em voos começaram a ser registrados e agências governamentais operam sob planos de contingência.

Linha do tempo comparativa

2018-2019: Trump exige verbas para o muro que separa EUA do México; shutdown dura 35 dias (o mais longo da história), deixando 800 mil servidores sem salário e prejuízo de US$ 3 bilhões.
2025: Impasse sobre saúde e programas sociais paralisa governo; 750 mil servidores sem remuneração, em meio a guerras no exterior e cortes internos.

O que é shutdown

Leia também

De 2018 a 2025: o que mudou

Em dezembro de 2018, Trump exigiu US$ 5,7 bilhões adicionais para financiar a construção do muro que separaria Estados Unidos e México. O objetivo era conter, conforme a defesa do republicano, a imigração ilegal. Sem acordo com a então presidente da Câmara, Nancy Pelosi, o governo entrou em shutdown.

O impasse durou 35 dias, sendo a paralisação mais longa da história dos EUA, com prejuízo estimado em US$ 3 bilhões à economia.

Agora o novo cenário escancara outro debate. Democratas condicionam a aprovação do orçamento à manutenção de programas de assistência médica, enquanto republicanos defendem que saúde e financiamento federal sejam tratados separadamente. O tema se conecta diretamente ao cotidiano de milhões de americanos e torna o custo político do bloqueio ainda maior.

Ao Metrópoles, o jornalista e observador da Casa Branca Fernando Hessel avaliou que Trump revive erros do passado, mas agora em ambiente político ainda mais delicado.

“Em 2018, o shutdown foi provocado pela obsessão de Trump pelo muro na fronteira com o México. Agora o impasse é em torno da saúde e de programas sociais, que atingem milhões de americanos. Só que hoje a situação é ainda mais grave. São dias que geram prejuízos à economia americana e o que se vê em Washington é uma mesa de debate transformada em memes e chacotas.”

Para Hessel, a diferença central entre 2018 e 2025 é que, na época, havia espaço para negociação, enquanto hoje o país enfrenta múltiplas pressões internas e externas.

“Além da diferença entre o shutdown anterior e o atual, é preciso dizer que o ambiente político naquela época ainda era menos conturbado do que hoje. Agora temos várias frentes que complicam esse tabuleiro: uma carnificina prestes a acontecer em Gaza, a guerra da Ucrânia se intensificando e, dentro dos próprios Estados Unidos, cortes em saúde, alimentação e em plena temporada de furacões.”

 

Imagem de “presidente da paz” em risco

Trump tem buscado se consolidar como “presidente da paz”, apresentando-se como mediador nos conflitos do Oriente Médio e na guerra da Ucrânia. No entanto, a sua dificuldade em lidar com sua própria máquina governamental pode enfraquecer sua autoridade no cenário geopolítico.

“É mais um exemplo de como tentar governar sozinho leva a choques de realidade”, resume Hessel.

Sem prazo para terminar

Se em 2019 Trump acabou cedendo para reabrir o governo, agora o desfecho parece ainda mais incerto. Democratas se mostram firmes em sua posição e apostam no fortalecimento de sua imagem como defensores de programas sociais, enquanto republicanos insistem em atribuir a paralisação ao que chamam de “chantagem democrata”.

Enquanto o impasse se prolonga, cresce a pressão econômica, política e diplomática sobre a Casa Branca.

O “fantasma de 2018” volta à cena, mas em um palco ainda mais turbulento.

4 imagensFechar modal.1 de 4

O presidente dos EUA, Donald Trump, discursa com altos líderes militares na Base do Corpo de Fuzileiros Navais de Quantico, em 30 de setembro de 2025, em Quantico, Virgínia

Alex Wong/Getty Imagens2 de 4

Stringer/Anadolu via Getty Images3 de 4

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em discurso na ONU

ONU/Reprodução4 de 4

O presidente dos EUA, Donald Trump, discursa com altos líderes militares na Base do Corpo de Fuzileiros Navais de Quantico

Andrew Harnik/Getty Images

Sair da versão mobile