A servidora pública e corredora Dênia Maria Coelho Lira, 61 anos, descobriu o câncer de mama em junho de 2022, quando se preparava para disputar os Jogos Mundiais de Policiais e Bombeiros, na Holanda. O diagnóstico de carcinoma lobular invasivo veio como um choque, mas não a impediu de viver um dos momentos mais marcantes da sua vida.
Mesmo diante da incerteza, Dênia decidiu seguir viagem — e voltou com duas medalhas de ouro e uma de prata. “O diagnóstico não me fez desistir do meu sonho. Cumpri meu objetivo e, quando voltei, encarei o tratamento”, relembra.
A decisão de viajar, segundo a oncologista Gabrielle Scattolin, que acompanha Dênia, foi segura e ponderada. “Como ainda não íamos iniciar o tratamento de forma imediata, não havia impedimento”.
Mas a especialista reforça o quanto o câncer de mama pode ser silencioso. “Muitas vezes, ele não dá sinais, e é por isso que os exames regulares são tão importantes, mesmo quando a mulher se sente bem.”, ressalta Gabrielle.
Leia também
-
Câncer de mama: sexualidade e autoestima são afetadas pela doença
-
Mitos e tabus que prejudicam a sexualidade após o câncer de mama
-
Val Marchiori: 8 sinais de câncer de mama que não podem ser ignorados
-
Fiocruz descobre nanopartícula que pode combater o câncer de mama
Antes do diagnóstico, a servidora já fazia o acompanhamento de pequenos nódulos antigos, mas começou a perceber um afundamento na lateral da mama e a saída de secreção transparente.
As mamografias não indicavam malignidade. “Eu só tinha uma intuição ruim. Fiz vários exames até que a ressonância com contraste sugeriu a biópsia. Foi o pior momento da minha vida. Quando confirmou, fiquei sem chão.”
A cirurgia conservadora retirou parte da mama, e o pós-operatório foi difícil: uma infecção exigiu nova intervenção. “Tive muito medo de perder a mama e a vida. Mas a fé e o apoio da minha família me sustentaram”, conta.
Desde então, Dênia segue em hormonioterapia, tratamento que deve durar cinco anos, e lida com os efeitos colaterais com bom humor. “Os fogachos noturnos são chatos, mas nada perto da alegria de estar viva”, afirma.
Principais sintomas do câncer de mama
- Aparecimento de nódulo, geralmente indolor, duro e irregular, nas mamas.
- Edema na pele, que fica com aparência de casca de laranja.
- Retração da pele.
- Dor.
- Inversão do mamilo.
- Descamação ou ulceração do mamilo.
- Secreção transparente, rosada ou avermelhada que sai do mamilo.
- Linfonodos palpáveis na axila.
Durante a recuperação, os amigos foram fundamentais. “Recebi uma cesta, um ursinho e muitas visitas. Minha filha, minha mãe e minhas primas foram anjos nesse período”.
O esporte foi outro aliado de Dênia. Sua grande paixão, também teve papel essencial. “A corrida me revigorava. Eu não podia pegar sol por causa da radioterapia, então corria na esteira. Isso me fazia sentir viva e forte”.
Durante o tratamento para o câncer, Dênia teve a corrida como aliada para manter o equilíbrio emocional
Scattolin reforça que o diagnóstico precoce é a principal arma contra o câncer de mama. “Quando o tumor é detectado no início, as chances de cura chegam a 95%. Por isso, a mamografia anual a partir dos 40 anos é fundamental”, explica.
Com a detecção de tumores ainda pequenos, o exame ajuda a evitar tratamentos mais agressivos. O diagnóstico precoce costuma permitir cirurgias menores e até evitar quimioterapia em alguns casos. Isso preserva a qualidade de vida e o bem-estar das pacientes.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de mama é o mais comum entre as mulheres brasileiras, representando cerca de 30% dos casos de câncer no país. A instituição estima que Brasília registre mil novos diagnósticos em 2025, mas ressalta que a maioria tem cura quando identificada precocemente.
Gabrielle Scattolin destaca que o medo do exame é uma barreira a ser superada. “Adiar a mamografia não evita o diagnóstico — apenas adia a chance de agir no momento certo. O cuidado precisa vir antes do medo”, diz Gabrielle.
Dênia, curada do câncer de mama, celebra o Outubro Rosa
Três anos após o diagnóstico, Dênia está em remissão do câncer e leva uma vida ativa e cheia de significado. “Aprendi a respeitar meus limites e agradecer até pelas mínimas coisas. Continuo me exercitando, me amo exatamente como sou e me acho linda”, afirma.
Para ela, o Outubro Rosa representa a importância de falar abertamente sobre o autocuidado e o acesso ao tratamento. “Sinto-me parte dessa corrente de mulheres que venceram porque acreditaram na prevenção e no acompanhamento médico. É isso que salva vidas.”
Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!