Lula não gosta da ideia de Donald Trump mandar bombardear barcos de traficantes no Caribe — ou de supostos traficantes, visto que não há prova de que realmente o sejam.
O presidente americano diz que a ação militar é justificável, porque se trata de uma guerra contra uma gente que quer destruir os Estados Unidos por meio da droga (cocaína, no caso).
Curiosamente, e estou apenas apontando a contradição, ele não manda bombardear o México, onde estão os laboratórios que sintetizam substâncias provenientes da China para fabricar o fentanil contrabandeado para território americano.
Não está excluído que os Estados Unidos possam executar ações militares na Venezuela governada pelo companheiro Nicolás Maduro, acusado por Donald Trump de ser chefe de cartéis da região.
Seria divertido ver Nicolás Maduro sair correndo para a Rússia, onde faria companhia a outro ditador fujão, o sírio Bashar Al-Assad.
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A Venezuela será assunto na conversa entre Lula e Donald Trump, amanhã, na Malásia? Teria de ser, porque o Brasil é o maior país da América Latina, faz fronteira com a Venezuela, e Lula é apoiador histórico do regime venezuelano, embora esteja magoadinho com Nicolás Maduro, uma vez que a fraude eleitoral do ano passado ficou evidente demais.
Na sua passagem pela Indonésia, antes de seguir para a Malásia, o presidente da República criticou a ação militar americana no Caribe. Lá pelas tantas, Lula disse o seguinte, em entrevista coletiva:
“Toda a vez que a gente fala de combater as drogas, possivelmente fosse mais fácil a gente combater as drogas internamente. Os usuários são responsáveis pelos traficantes, que são vítimas dos usuários também. Você tem uma troca de gente que vende porque tem gente que compra, de gente que compra porque tem gente que vende.”
Depois de avisarem Lula que, olha, presidente, pegou mal dizer que traficante é vítima de usuário, nem os hermeneutas da imprensa amiga conseguem dar um jeito nisso, Trump pode cobrar isso do senhor, ele se retratou na rede X:
“Fiz uma frase mal colocada nesta quinta e quero dizer que meu posicionamento é muito claro contra os traficantes e o crime organizado.”
Os comunicadores do Palácio do Planalto se viram obrigados a soltar notinha para dizer que “o governo do Brasil não tolera o tráfico de drogas e atua com rigor e ações de inteligência, obtendo resultados históricos contra a espinha dorsal das organizações criminosas”.
Vou bancar o hermeneuta da imprensa amiga e interpretar que Lula se embananou ao querer dizer que os usuários deveriam ser conscientizados de que, quando consomem a droga que seja, eles alimentam uma indústria criminosa violentíssima. Acabam sendo cúmplices.
De qualquer forma, temos um presidente que é incapaz de construir frases que expressem com clareza raciocínios minimamente complexos, sejam eles certos (raros) ou errados (muitos).
A sintaxe lhe é estranha, o anacoluto lhe é natural, o chiste lhe é muleta. Lula é precursor também nesta grande corrupção: a da linguagem. O português de Lula é uma droga, e milhões de brasileiros são usuários dela. Outra grande parte é viciada na de Jair Bolsonaro. Todos são vítimas, mas também culpados.
