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    O último trunfo de Bolsonaro

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    No mundo do faz de conta, onde vivem Bolsonaro, parte dos seus filhos e os mais radicais devotos da ex-primeira família presidencial do Brasil, ainda não se descarta uma eventual volta ao poder com as eleições gerais do próximo ano.

    Faltam 349 dias para que os brasileiros compareçam às urnas. É tempo suficiente no entendimento deles para que algo de bom possa beneficiá-los. Vai que Lula, por problemas de saúde, renuncia ao quarto mandato. Ou que a economia degringole.

    Vai que o Congresso, até o final deste ano, aprova uma anistia ampla, geral e irrestrita para os golpistas de dezembro de 2022 e 8 de janeiro de 2023. Ou que aprove apenas uma redução de penas aplicadas a todos eles, Bolsonaro incluso. Por que não?

    Nesse caso, aumentaria o cacife da família quando chegasse a hora de negociar com seus aliados dependentes de seus votos. Bolsonaro poderá continuar insistindo com o blefe de que o candidato será ele. Não foi o que fez Lula quando estava preso?

    E quando a Justiça, lá pelo final de agosto, negar o registro de sua candidatura, Bolsonaro venderá caro seu apoio ao nome da direita que estiver mais bem colocado nas pesquisas de intenção de voto. Quem sabe, emplaque Michelle na vice. Ou Flávio.

    Então, por que ter pressa? Por que ceder aos que lhe cobram uma definição até o fim deste ano ou até fevereiro ou março? Pressa tem Tarcísio de Freitas se de fato quiser disputar a vaga de Lula. Para tal, terá de largar o governo de São Paulo no início de abril.

    Dos nomes cogitados pela direita, Tarcísio é o único que poderá concorrer à reeleição. Só o fará se tiver assegurado o apoio de Bolsonaro e, no mínimo, a neutralidade do seu filho Eduardo, o embaixador do tarifaço junto a Donald Trump.

    Ronaldo Caiado (Goiás), Ratinho Júnior (Paraná) e Romeu Zema (Minas Gerais) governam seus estados pela segunda vez consecutiva. Se desistirem de disputar a Presidência, poderão mais adiante se inscrever como candidatos ao Senado ou à Câmara.

    O apressado come cru. A falta de pressa é o último trunfo de Bolsonaro a ser jogado na hora certa.

     

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