Na manhã deste domingo (19/10), o Museu do Louvre, em Paris, foi palco de um audacioso assalto digno de cinema. Um grupo de criminosos levou oito peças valiosas da Galeria de Apolo, incluindo a coroa da imperatriz Eugénie, esposa de Napoleão III — que foi encontrada pouco depois em uma rua próxima ao museu.
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Segundo as autoridades francesas, a ação durou apenas quatro minutos e ocorreu logo após a abertura do museu. Os ladrões usaram uma plataforma elevatória para acessar uma janela do primeiro andar, arrombaram vitrines e fugiram em motocicletas, enquanto dois deles se disfarçavam de operários com coletes amarelos.
Um nono item foi recuperado nas imediações, danificado, mas sem risco ao público.
As peças roubadas
Entre os objetos levados estão joias históricas da coroa francesa, incluindo coroas, colares e broches que integram o acervo do Louvre desde o período imperial. A coroa da imperatriz Eugénie, composta por 1.354 diamantes e 56 esmeraldas, é considerada uma das peças mais valiosas da coleção.
O Louvre informou que as joias têm valor histórico inestimável, que supera qualquer avaliação de mercado. Agora, a prioridade das autoridades é recuperar os itens e garantir a segurança do museu.
Apesar da ousadia, os criminosos não roubaram o diamante Regent, uma das gemas mais famosas do mundo. O item é avaliado em aproximadamente US$ 60 milhões e também está exposto na galeria.
O palco perfeito
A icônica pirâmide de vidro, símbolo da modernidade parisiense, amanheceu cercada por policiais e curiosos. Não é coincidência que o roubo tenha acontecido ali. O Louvre é mais do que um museu: é um palco simbólico da elegância e da arte francesas.
Nem todos os crimes têm o som metálico do caos. Alguns acontecem em silêncio, com precisão cirúrgica. Há algo quase poético no contraste entre a brutalidade das ferramentas usadas e a delicadeza das peças que desapareceram. Um crime violento cometido com a estética de um filme noir, que parece ter sido escrito para o cinema francês.
Detalhes do teto do Louvre
Repercussão
O roubo provocou reação imediata entre autoridades, imprensa e público. Após o incidente, o Louvre foi fechado temporariamente e as equipes de investigação revisam imagens de câmeras de segurança, inspecionam a plataforma usada pelos criminosos e entrevistam funcionários.
Segundo o ministro do Interior, Laurent Nuñez, os suspeitos agiram com “profissionalismo e rapidez”. Nuñez afirmou que a polícia está em alerta máximo e que “todos os recursos possíveis estão sendo mobilizados para recuperar os itens”.
A ministra da Cultura, Rachida Dati, também esteve no local e ressaltou o valor histórico e simbólico das joias roubadas.
“Esses objetos não são apenas belos. São fragmentos da nossa identidade”, declarou.
A promotora Laure Beccuau destacou que ainda não se sabe se houve participação interna, mas que a investigação busca esclarecer a possibilidade de conhecimento prévio do local ou das rotinas do museu.
Segundo fontes da imprensa francesa, a Galeria de Apolo fica a cerca de 250 metros da famosa obra Mona Lisa. A ação dos ladrões revelou vulnerabilidades na proteção de áreas que, embora menos visitadas, abrigam peças de valor histórico e cultural inestimável.
Contexto histórico
O Louvre, que recebe mais de 33 mil visitantes por dia, foi alvo de outros crimes históricos, como o roubo da Mona Lisa, em 1911. Desde então, o museu investiu em segurança tecnológica e física.
A Galeria de Apolo, construída sob o reinado de Luís XIV, abriga parte das joias da Coroa Francesa e dos diamantes históricos, como o Regent, o Sancy e o Hortensia. Estas peças fazem parte do patrimônio cultural francês há séculos e carregam grande importância histórica e simbólica.
O episódio entrou para a mitologia parisiense. Comparações com o roubo da Mona Lisa surgiram nas redes sociais, acompanhadas de comentários irônicos.
“Nem Lupin teria feito melhor”, comentou um internauta.
Enquanto a investigação segue, as autoridades francesas avaliam medidas de reforço da segurança no Louvre e a possibilidade de rastrear as joias roubadas, que podem ser rapidamente dissimuladas ou vendidas ilegalmente.
“Peças desse tipo desaparecem em questão de horas. As gemas podem ser desmontadas, revendidas ou fundidas”, explicou um especialista em arte ao jornal Le Figaro.
O episódio serve como alerta sobre a necessidade de combinar modernização da infraestrutura, vigilância e gestão de fluxo de visitantes para proteger não apenas as obras mais famosas, mas todo o patrimônio cultural do Louvre.
Paris permanece em silêncio diante do contraste entre a brutalidade do crime e a delicadeza das joias roubadas. A Galeria de Apolo lembra que mesmo em um lugar onde o tempo parece suspenso, a beleza continua sendo o alvo mais irresistível.
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