A Polícia Civil de São Paulo cumpre, na manhã desta terça-feira (14), 20 mandados de busca e apreensão em uma operação contra suspeitos de envolvimento na produção e comercialização de bebidas alcoólicas adulteradas por metanol.
Coordenada pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), a operação tenta localizar e apreender produtos, maquinários, insumos para produção de bebidas, além de celulares, documentos e outros objetos que possam auxiliar na identificação dos envolvidos e na comprovação das atividades ilícitas.
Segundo a delegada que coordena a operação, Leslie Caran Petrus, as investigações, que correm sob segredo de justiça, se iniciaram a partir de um flagrante que ocorreu há cerca de dez dias. Na ocasião, um dos maiores fornecedores de bebidas falsificadas do Brasil foi detido. “Ele vendia garrafas com rótulos, tampinhas intactas e lacres, praticamente impossível de identificar a falsificação. Depois, descobrimos quem adquiriu esses produtos e estamos indo atrás deles hoje”, explicou Petrus.
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Ao todo, 150 policiais civis fazem buscas na manhã desta terça em endereços na capital, em Santo André, Poá, São José dos Campos, Santos, Guarujá, Presidente Prudente e Araraquara.
Até essa segunda (13/10), o governo de São Paulo já havia confirmado 28 casos de intoxicação por metanol e outras 100 notificações suspeitas são investigadas. Cinco pessoas morreram.
Desde o início de 2025, 51 pessoas já foram presas por venda irregular ou adulteração de bebidas em São Paulo. Desse total, 30 prisões aconteceram a partir do final de setembro, quando ações de fiscalizações foram intensificadas em razão da onda de casos de intoxicação por metanol em destilados.
Números do Governo de SP
- 128 casos suspeitos de intoxicação, sendo 100 em investigação.
- Cinco mortes confirmadas, sendo três homens — de 54, 46 e 45 anos — residentes da cidade de São Paulo; uma mulher de 30 anos de São Bernardo do Campo e um homem de Osasco, de 23 anos.
- Três mortes estão em investigação, sendo uma no município de São Paulo (de 50 anos) e duas em São Bernardo do Campo (49 e 58 anos).
- Mais de 21,4 mil garrafas foram apreendidas desde o dia 29/9. Mais de 71,4 mil garrafas apreendidas ao longo de 2025.
- Mais de 105,2 mil insumos foram apreendidos.
- 480 mil rótulos apreendidos desde o dia 29/9. Mais de 15 milhões de rótulos apreendidos ao longo do ano.
- Mais de 121,8 mil vasilhames vazios apreendidos.
- 51 pessoas presas; 30, desde o dia 29/9.
- 15 estabelecimentos interditados cautelarmente.
Fiscalizações do Procon
Fiscais do Procon-SP fecharam um posto de combustível por falhas consideráveis na venda de combustíveis, em São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São Paulo. A interdição faz partes das ações de fiscalização do órgão em meio a investigação a respeito do uso de metanol em adulteração de bebidas alcoólicas no estado.
Segundo o Procon, as fiscalizações em postos de combustíveis se tornaram mais “estratégicas e necessárias”, após a suspeita das autoridades policiais que investigam a possibilidade de adulteradores de bebidas terem adquirido etanol nos estabelecimentos. Segundo o Procon, os comércios estariam adicionando metanol nos produtos vendidos aos adulteradores.
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Peritos analisam destilados em SP
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Autoridades apreenderam em um mercadinho mais de 40 garrafas de uísque, gin e vodca
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Procon participa da operação também
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Polícia de SP investiga casos
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Um estabelecimento nos Jardins, outro na Mooca, um na Vila Mariana e outro em São Bernardo foram interditados
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Entre terça e quarta, foram apreendidas 800 garrafas de bebidas alcoólicas suspeitas de adulteração
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Vigilância Sanitária trabalha em conjunto com a Polícia Civil de SP
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Duas pessoas foram presas suspeitas de envolvimento em intoxicação por metanol
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Só nesta terça-feira, 112 garrafas de vodca foram apreendidas em diversos pontos da capital paulista
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Os bares estão sendo interditados de maneira cautelar
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Operação apreendeu 50 mil garrafas de bebidas adulteradas
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Vigilância Sanitária interditou estabelecimentos em SP
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O posto fechado em São Bernardo tinha falhas consideradas graves no comércio de combustível, como: impedir a continuidade da vistoria, não possuir notas fiscais dos combustíveis comercializados e não informar os nomes dos distribuidores nas bombas de abastecimento.
Outros nove estabelecimentos também foram vistoriados: seis apresentaram irregularidades, incluindo ausências de notas fiscais, falta de informações obrigatórias nas bombas e ausência de painéis de preço na entradas. Em dos postos vistoriados, os funcionários deixaram o local durante a fiscalização — que ocorreram graças às denuncias feitas por consumidores no site do Procon-SP e por outras instituições.
Em 2025, o órgão também passou a receber avisos de irregularidades aos fins de semana e para denunciar um posto irregular basta o consumidor realizar um cadastro no site do Procon, apresentar cupom ou nota fiscal com CNPJ, nome e endereço do posto, e informar a bomba utilizada e o horário de abastecimento, se houver suspeita de combustível adulterado.
Metanol em São Bernardo
São Bernardo do Campo é a cidade com mais casos suspeitos de intoxicação por metanol em São Paulo e também no Brasil, segundo o balanço divulgado pelo Ministério da Saúde, nessa segunda-feira. De acordo com a pasta, o município ainda tem 36 notificações em investigação, 54 descartados e dois confirmados.
Apesar de o Ministério da Saúde ter divulgado duas confirmações na cidade, a Prefeitura de São Bernardo do Campo só confirma um caso: Bruna Araújo, 30 anos, que morreu no dia 6 de outubro, no Hospital das Clínicas.
A administração municipal ainda diz que a Vigilância Epidemiológica recebeu 119 notificações de suspeita por contaminação de metanol, com 35 descartadas.
Quatro estabelecimentos comerciais e lotes de bebidas foram interditados cautelarmente nos bairros Taboão, Paulicéia, Ferrazópolis e Parque dos Químicos. A Polícia Civil da cidade também apreendeu algumas garrafas dos mesmos estabelecimentos, e a Delegacia de Investigações sobre Infrações contra o Meio Ambiente (DICMA) está à frente da investigação criminal.