O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) de Pernambuco vai inaugurar nesta segunda-feira (20/10) um parque tecnológico especializado em testar inovações industriais e tecnológicas na área de energia e de combustíveis.
Uma das principais iniciativas que começará a ser testada no espaço é uma tecnologia brasileira para criação de baterias de veículos híbridos leves. Ao contrário dos híbridos plenos, essas versões de carros possuem pequenas baterias que ficam embaixo do banco do motorista e ajudam a reduzir o consumo de combustível, sem substituí-lo completamente.
Por estarem em um espaço muito reduzido, essas baterias acabam tendo uma eficiência pequena e o objetivo deste projeto é encontrar formas de fazê-las mais potentes sem ocupar mais espaço. Além disso, essas baterias só são produzidas atualmente fora do Brasil.
“Nosso principal objetivo é testar meios de trazer para o país essa produção e ainda no primeiro trimestre de 2026 já estaremos produzindo cerca de mil unidades mensais dessas baterias piloto”, afirma o diretor de inovação e tecnologia do Senai-PE, Oziel Alves. A instalação do maquinário para produção deve terminar em janeiro.
Esse protótipo nacional das bateria de lítio de baixa tensão (12V/48V) está sendo desenvolvido com a participação da Moura, Stellantis, Volkswagen, Iochpe Maxion e Horse. As empresas correm contra o tempo já que há uma expectativa de que a partir de 2027 todos os veículos no Brasil tenham de sair de fábrica com ao menos uma eletrificação parcial, e este é o modelo mais adaptável disponível.
Inovação também nos combustíveis
O projeto das baterias não é o único que começa junto ao Senai Park. Uma segunda iniciativa-piloto que está começando no local trata da digitalização da cadeia de produção do hidrogênio sustentável.
O hidrogênio vem sendo apontado nos últimos anos como uma alternativa para o desenvolvimento de combustíveis e de energia, já que há muitas iniciativas que planejam usar esta molécula para armazenamento de grandes quantidades de energia ou combustível em pequenos espaços.
“O hidrogênio é um vetor fundamental da transição energética que estamos passando, mas é desafiador saber se ele é verde ou cinza, ou seja, se teve ou não contato com cadeias poluentes. Para esse hidrogênio ser exportado, precisamos conseguir monitorar e certificá-lo, mas ainda não sabemos direito cobrir todas essas cadeias. É o que estamos tentando descobrir aqui”, completa Oziel.
Para fazer esse monitoramento, uma unidade criada pela Neuman & Esser no porto produzirá 30 kg de células de hidrogênio por dia, o bastante para abastecer 4 veículos que rodem cerca de 100 km ao dia.
O Senai Park de Suape também deve investir em seus próximos projetos em outras fontes de combustível e energia, que tem participado das vanguardas de pesquisas da área como combustíveis para aeronaves, metanol e amônia.
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Galpão que receberá a fábrica de baterias de veículos híbridos no Brasil
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Iniciativa para pesquisar cadeia de hidrogênio sustentável foi instalado no Senai Park
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Estrutura completa do Senai park possui espaço para expansão e desenvolvimento de projetos
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O que é o parque tecnológico?
O Senai Park foi instalado dentro do Complexo Industrial Portuário de Suape, na Região Metropolitana do Recife. Em uma área de 1,4 hectare, o objetivo do espaço é oferecer às empresas uma estrutura semipronta para que elas possam criar projetos-piloto sem terem de arcar com todos os custos de testar novos produtos, o que pode acelerar seu desenvolvimento .
“Entre uma tecnologia ser descoberta em uma universidade e ela chegar até o dia a dia do consumidor há uma série de gargalos para desenvolvimento, incluindo produções de unidades de testes que podem ser muito caras. Nosso objetivo é oferecer esse campo para cobrir esse estágio antes da fabricação em larga escala e dividir com a indústria esse risco”, diz a diretora regional do Senai-PE, Camila Barreto.
As empresas que estarão no foco inicial de atuação do Senai Park de Pernambuco serão aquelas que já possuem indústrias que atuam no estado. As próximas iniciativas, que reúnem 14 empresas, somam R$ 100 milhões em investimentos e prospectam outros R$ 200 milhões.
Além das baterias e do hidrogênio, há projetos em prospecção para sensores de frenagem automática e para treinamento de drones industriais. Todos seguem o conceito de modularidade, com cronogramas e estruturas personalizadas. “O que se constrói aqui é um modelo de futuro para a indústria. Um espaço em que inovação, sustentabilidade e eficiência convergem”, resume Camila Barreto.
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